- A renda fixa dominou as emissões no mercado de capitais do primeiro semestre de 2024, correspondendo a 90% do volume total e um recorde de R$ 305 bilhões
- Debêntures, Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) atingiram volumes recordes no período, impulsionados pelas mudanças regulatórias nos ativos isentos
- A renda variável vê seu volume cair, com poucas operações de follow-ons e nenhum IPO em 2024
A renda fixa dominou as emissões no mercado de capitais do primeiro semestre de 2024, correspondendo a 90% do volume total. Debêntures, Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) atingiram volumes recordes no período, impulsionados pelas mudanças regulatórias nos ativos isentos. Os dados foram apresentados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta quarta-feira (17).
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Os números mostram a continuidade de uma tendência que já tinha sido registrada no primeiro trimestre do ano. Entre janeiro e março, os investimentos de renda fixa viveram um verdadeiro boom de procura de investidores, em meio a uma somatória de fatores. De um lado, mudanças na tributação de fundos exclusivos e na emissão de títulos isentos de imposto de renda, como LCIs e LCAs que até então reinavam como queridinhas no mercado, direcionou o fluxo de capital para outros ativos dentro da renda fixa. Mostramos os detalhes desse contexto nesta reportagem da época.
Mas não foi só isso. O aumento da incerteza fiscal nos últimos meses e um cenário macroeconômico desafiador, de juros mais altos por mais tempo no Brasil e nos Estados Unidos, minaram o apetite a risco dos investidores brasileiros. A captação de recursos na renda variável caiu bruscamente e a B3 vive uma janela de dois anos sem uma oferta inicial de ações (IPO).
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A emissão de renda variável caiu de R$ 17,9 bilhões no 2º semestre de 2023 para R$ 4,9 bi nos primeiros seis meses de 2024. A renda fixa por sua vez vem em uma escalada: R$ 128,1 bi no 1S23 e R$ 268,8 no 2S23 para o recorde de R$ 305 bi no 1S24.
Os ativos queridinhos na renda fixa: as debêntures
O ativo destaque de captação no 1º semestre de 2024 foram as debêntures. Ao todo, esses títulos registraram um volume de R$ 206,7 bilhões, fruto de 289 emissões realizadas no período. 31% dos ativos são indexados à inflação (IPCA) e o prazo médio das ofertas é de 7,5 anos. E os fundos de investimento foram quem mais aproveitaram essa janela: respondem por 46,1% do volume, aumento de 18,6 p.p. em relação ao 2º semestre de 2023.
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O interesse por debêntures e debêntures incentivadas também pode ser notado no mercado secundário. A negociação no semestre saltou 30,4%, também em um volume recorde.
CRIs, CRAs e FIDCs, que também foram destaque no semestre, captaram R$ 31,4 bi, R$ 19,4 bi e R$ 34,3 bi, respectivamente.
Renda variável vai mal
Enquanto a renda fixa voa, a combinação do sentimento de aversão a risco e um cenário macro mais desafiador tem dificultado a captação no mercado de renda variável. Foram apenas 6 operações de follow-ons no 1º semestre, um número e um volume bem abaixo do que vinha sendo registrado. As emissões de ações movimentaram R$ 4,9 bilhões no período; foram R$ 13,5 bi e R$ 17,9 bi no 1º e 2º semestre de 2023, respectivamente.
Há ainda duas ofertas em andamento, que estão em análise, mas, por não terem sido concluídas, não entram na conta. O follow-on da Sabesp (SBSP3) e da Isa CTEEP (TRPL4), que podem movimentar R$ 15,9 bi e R$ 3,5 bi, respectivamente – bem menos, claro, que as captações com renda fixa.