As ações do Santander (SANB11) disparam no pregão desta quarta-feira (5), após a empresa apresentar um balanço acima do esperado pelo mercado. As operações do banco espanhol no Brasil mostraram um lucro líquido gerencial de R$ 3,85 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 74,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Analistas do mercado financeiro comentam que os resultados foram sólidos, bons e com tendências positivas para o futuro.
De acordo com o banco, o lucro o é fruto de um crescimento nas receitas, tanto na concessão de crédito quanto na prestação de serviços. A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações que rendem juros, foi de R$ 15,978 bilhões, alta de 16% em um ano. Às 15h22min, as ações do Santander subiam 6,59%, a R$ 27,18. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,30%, a 125.528,21 pontos.
Para os analistas da XP Investimentos, os resultados foram sólidos, com o banco apresentado boa parte dos números em linha com o esperado. Os especialistas lembram que a carteira de crédito do Santander somava R$ 682,693 bilhões em dezembro de 2024, crescimento de 6,2% no intervalo de um ano. Todavia, os especialistas reforçam que se não fosse a questão cambial, a carteira teria desacelerado, com alta de apenas 3,8% na base anual e de 1,2% na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 com o quarto trimestre de 2024.
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“Portanto, o crescimento deste trimestre foi ligeiramente mais lento do que o do trimestre anterior, o que consideramos adequado, dada a provável piora macroeconômica prevista para 2025. Apesar da deterioração do cenário macroeconômico e da elevação das taxas de juros, o banco manteve resultados consistentes com boa qualidade de ativos”, dizem Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que assinam o relatório da XP que traz comentários sobre o lucro do Santander.
Matheus Nascimento, analista da Levante Inside Corp, lembra que a empresa reportou uma rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), de 17,6% no quarto trimestre de 2024, alta de 5,3 pontos porcentuais na comparação com o quarto trimestre de 2023.
“O número foi acima das nossas projeções de um ROE do Santander de 16,9%, refletindo um nível de captura de resultados em Margem com Clientes, e com uma dinâmica de Custos e Despesas saudáveis”, diz Nascimento. Ele também aponta que um dos grandes destaques do balanço foi a linha de Provisões para Devedores Duvidosos (PDD), dinheiro que serve para cobrir os calotes dos clientes. O indicador encerrou o quarto trimestre de 2024 em R$ 5,932 bilhões, baixa de 13,2% devido à melhor qualidade da carteira de crédito.
Para os analistas do Bradesco BBI, o Santander registrou tendências majoritariamente positivas no quarto trimestre. O banco destaca a forte expansão do spread (ganho com juros), mais do que compensando o crescimento mais lento do crédito, mostrando sinais de que a mudança no mix para segmentos mais arriscados está começando a dar resultado.
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“Observamos que os créditos não performados ainda registraram tendências positivas, enquanto o índice de cobertura permaneceu estável e as despesas operacionais permaneceram sob controle”, dizem os analistas Francisco Navarrete e Eric Ito, que assinam o relatório do Bradesco BBI. Os profissionais também afiram que o impacto esperado da implementação da Regra 4966 é bastante pequeno na visão deles, em cerca de 3% do patrimônio líquido.
Evandro Medeiros, analista da Suno, também diz que o resultado foi positivo para a empresa. Ainda assim, ele afirma que a empresa teve uma piora na composição das fontes de captação, com queda de 1,1% nos depósitos de poupança ano a ano. Para ele, essa é uma modalidade bastante atrativa para os bancos, dada sua característica de remunerar 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) quando a Selic está acima de 8,5%.
O que esperar do Santander em 2025?
Segundo informações do Broadcast, o CEO do Santander, Mário Leão, afirmou que o banco não deve entregar um ROE de 20% ainda em 2025, mas que isso deve acontecer nos próximos anos. “Nós nunca imaginamos que o ROE de 20% seria em 2025, mas obviamente temos um horizonte de que isso tem de acontecer nos próximos anos”, afirmou ele em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco no quarto trimestre de 2024.
Já para a carteira de crédito, o CEO comentou ser possível ver um crescimento “de mesma grandeza” ao longo de 2025. O executivo afirmou que algumas carteiras que tiveram forte alta em 2024 devem ter demanda mais baixa, o que torna pouco provável uma aceleração.
“É provável crescer na mesma ordem de grandeza de 2024. É pouco provável que cresçamos mais”, explicou. Ele comentou ainda que não vê um cenário para a inadimplência similar ao visto entre 2021 e 2022, anos em que houve alta nos índices. Ainda assim, espera crescer menos que o mercado neste ano, diante de um cenário mais difícil na economia.
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“Não vemos um cenário parecido com o de 2021, 2022, de uma crise profunda. Não estamos enfrentando uma crise de crédito profunda, é uma deterioração do macro”, comentou Leão ao lembrar das perspectivas de alta da Selic e desaceleração da economia em 2025.
No entanto, o Santander espera crescer abaixo da média do mercado na carteira de crédito esse ano, assim como aconteceu em 2024. Isso pode acontecer em alguns negócios selecionados. “A perspectiva da macro está igual? Não, com certeza não. Portanto, vamos tocar o banco exatamente igual? Do ponto de vista de decisões que tomamos toda semana, não. Nenhum banco é imune ao cenário macroeconômico”, afirmou.
O que esperar dos dividendos e da ação do Santander em 2025?
Analistas do mercado financeiro esperam um ano ainda complicado para a companhia. Para os especialistas do BB Investimentos, 2025 deve ter muitos desafios para o banco. O analista Rafael Reis, que assina o relatório do BB Investimentos, comenta que os prognósticos apontam para um período em que a seletividade deve ser a tônica. Diante disso, ele espera que o banco continue focando nas linhas que representam maior rentabilidade dado o seu perfil, como financiamento de carros e pequenas e médias empresas.
Em linhas gerais, os especialistas estimam que os dividendos do Santander tendem a ser razoáveis em 2025. A XP estima um dividend yield do Santander em 9,2% em 2025. A Levante calcula que o banco espanhol deve pagar cerca de 8% do seu valor de mercado em dividendos. A Suno acredita que a companhia deve entregar um rendimento em proventos de 6,5% no acumulado de 2025. Já a Eleven estima um dividendo de 7,6% para o banco, enquanto o BB Investimentos estima um dividendo de 7,2% para a companhia.
Embora os dividendos não sejam de dois dígitos, os analistas recomendam ter o papel na carteira. A XP Investimentos tem recomendação de compra para o Santander (SANB11) com preço-alvo de R$ 35 para o fim de 2024, alta de 28,77% na comparação com o fechamento de terça-feira (4), quando a ação encerrou o pregão a R$ 27,18. O Bradesco BBI mantém recomendação de compra para os papéis do Santander, com preço-alvo de R$ 36, representando um potencial de valorização de 41,1% sobre o último fechamento. A Levante também tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 32 para o fim de 2025, alta de 17,73%. O BB Investimentos também recomenda compra com preço-alvo de R$ 34, crescimento de 25,1%.
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*Com informações do Broadcast