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Taesa (TAEE11): entenda o que está em jogo com possível oferta de ações

Especialistas explicam por que a empresa estaria atrás de capitalização; veja o que pode afetar o investidor

Taesa (TAEE11): entenda o que está em jogo com possível oferta de ações
Taesa (TAEE11) (Foto: Marcelo Min/Estadão)
  • Rumores de que a Taesa estaria preparando uma oferta de ações no valor de R$ 2 bilhões balançaram as ações da companhia na Bolsa
  • Ainda que a empresa não tenha confirmado o follow-on, especialistas acreditam que a empresa pode estar buscando formas de participar dos leilões de transmissão de energia que vão acontecer no 2º semestre
  • A TAEE11 é muito procurada, especialmente por investidores pessoa física, por causa de sua remuneração constante de dividendos

Há cerca de 10 dias, a notícia de que a Taesa (TAEE11) estaria preparando uma oferta de ações na casa de R$ 2 bilhões balançou a cotação dos papéis da companhia na Bolsa. Segundo reportagem do Brazil Journal, que revelou a história, a empresa estaria se preparando para ir a mercado já nesta segunda metade de abril ou início de maio, em uma capitalização para se preparar para os leilões recordes de linhas de transmissão de energia que vão ocorrer em 2023.

A Taesa logo se pronunciou, dizendo que não há decisão formal sobre qualquer oferta de valores mobiliários, mas afirmou que “busca e avalia constantemente oportunidades e alternativas de financiamento e otimização da sua estrutura de capital”. Veja aqui o comunicado da companhia.

Ainda assim, as ações cederam mais de 3% naquele dia 10, entre as maiores quedas do Ibovespa. A repercussão – em grande parte negativa – à possibilidade de follow on na Taesa se deve a alguns pontos.

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A princípio, a oferta de ações não costuma agradar investidores que já têm ações da companhia que está se capitalizando. Isso porque, ao emitir novos papéis, a empresa acaba diluindo as participações de quem já é acionista.

Além disso, os ativos costumam ser ofertados a um preço inferior ao que são negociados, uma estratégia para atrair novos investidores.

“Isso faz com que as ações caiam no dia que sair o anúncio ou o rumor, e fiquem andando meio de lado a partir dessa data”, explica Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos. “Para o investidor de longo prazo, não é tão importante. E tem ainda um outro ponto, que é positivo, que significa que a empresa está pedindo dinheiro para poder investir muito e crescer receita e, portanto, crescer dividendos lá na frente”.

O que pode estar por trás

A oferta de ações da Taesa teria como objetivo levantar recursos para os dois leilões de linhas de transmissão de energia que vão acontecer em 2023, nos meses de junho e outubro.

Ainda não se sabe quais empresas do setor vão participar, mas analistas dão como certa a presença da Taesa nos leilões. Isso porque parte dos contratos vigentes da companhia estão com prazos avançados. A estimativa é que a empresa perca ao menos 50% de suas receitas nos próximos 10 anos com vencimento de concessões.

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“Ela precisa recompor as receitas que vão ser perdidas a partir de 2030 via entrada em novos leilões. Só que surge a grande dúvida: a que preço ela vai entrar? Vai ser a um nível que vai gerar valor ao investidor ou vai tentar compensar essa perda de receita a qualquer preço?”, questiona Vitor Sousa, analista do setor de elétrico na Genial Investimentos.

Os leilões de concessão de energia funcionam em uma lógica inversa: a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece um valor máximo para a contratação da energia. Para ganhar o lote, as empresas de transmissão fazem as suas ofertas fechadas, quem oferecer a menor tarifa, leva.

A Taesa costuma ser agressiva nos leilões que participa, o que acende um alerta em parte do mercado. O receio é que, para ganhar a concessão em um ambiente de concorrência elevada, a empresa faça uma oferta que não gere retornos expressivos para os seus acionistas no futuro.

“Ainda não temos como saber se a competição permanecerá acirrada nos próximos leilões, mas a julgar pelas últimas participações da companhia e os deságios dos lotes arrematados, vemos com certa preocupação essa possibilidade”, ressalta Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Vai afetar os dividendos?

A TAEE11 é muito procurada, especialmente por investidores pessoa física, por causa de sua remuneração constante de dividendos. O modelo de negócios da companhia em um setor regulado e de receitas resilientes permite certa linearidade na distribuição dos proventos e a companhia costuma ser “generosa” nesse pagamento.

Os R$ 2 bilhões que, segundo se especula, a empresa estaria planejando levantar são equivalentes a cerca de dois anos de distribuição de dividendos da Taesa.

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Ou seja, a companhia poderia muito bem, se quisesse, participar dos leilões apenas reduzindo a parcela de lucro que distribui.

“Será que o investidor estaria preparado para receber 1/4 dos dividendos que recebe atualmente? Acho que não ficariam muito satisfeitos”, diz Eduardo Laudares, analista de empresas da Mantaro Capital.

O follow-on poderia ser, portanto, uma alternativa para que a companhia conseguisse adquirir novas concessões de transmissão de energia, sem precisar reduzir o pagamento aos investidores.

Por isso, os analistas acreditam que o dividend yield da Taesa só cairia em dois cenários: se a companhia realmente fizesse a oferta, mas não captasse recursos suficientes para cobrir todo o investimento necessário; e se voltar atrás e acabar não realizando nenhum follow-on.

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“Se a empresa fizer uma captação grande suficiente para bancar os investimentos, os dividendos seriam muito pouco afetados”, explica Flávio Conde, da Levante. “Por outro lado, se precisar de endividar, aí sim isso pode começar a pegar, porque essa dívida vai ter um custo anual de juros a ser pago lá na frente. Esse sim é um cenário preocupante para os investidores, não a oferta de ações em si.”

Nesse caso, a possibilidade de aumento na alavancagem (endividamento) da companhia poderia afetar o pagamento futuro de dividendos. Um cenário que deve ser levado em consideração especialmente dado o alto nível de endividamento da Taesa.

A relação de dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Taesa é de 3,65 vezes no ajustado de 12 meses. Acima de 3,5 vezes, já acende um alerta amarelo no mercado. Ou seja, a cautela deve permanecer no radar dos investidores.

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