Trump anunciou que a tarifa sobre produtos importados do Brasil será de 50% (Foto: Adobe Stock)
As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil dificilmente entrarão em vigor, diz a equipe do UBS, em relatório enviado aos clientes na última sexta-feira (11). A análise do banco é que as novas tarifas de Trump sobre o Brasil podem ser barradas pela Justiça americana por não terem fundamentos sólidos, visto que o Brasil tem relação comercial deficitária com os Estados Unidos.
Na última quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% para os produtos brasileiros. O político publicou carta em sua rede social, Truth Social, alegando que a colocação das taxas corresponde ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia.
“O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump. “Esse julgamento não deveria acontecer. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu. No fim da carta, o presidente americano também afirmou que os Estados Unidos têm relação comercial deficitária com o Brasil.
Para o banco suíço, a taxação sobre os produtos brasileiros ainda não está clara pelo fato de o Brasil ter balança comercial deficitária com os EUA, o inverso do que Trump afirmou. Por isso, as taxas não entrariam em vigor com o uso da Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA). A regra é mais ágil, pois permite a entrada de tarifas imediatamente, mas precisa do argumento de déficit comercial para os EUA.
Sem a primeira opção, Trump teria que fazer o uso das seções 232 e 301 da Lei de Expansão Comercial de 1962 para colocar as tarifas em prática, mas exigiriam uma investigação inicial com base em uma queixa relacionada ao comércio. “Considerando esses pontos da lei como possíveis obstáculos e acreditamos que a tarifa de 50% ameaçada contra o Brasil dificilmente se tornará permanente”, dizem os especialistas.
UBS mantém otimismo com o Brasil
O UBS manteve sua perspectiva positiva para as ações do mercado brasileiro. Eles afirmam que as ações de mercados emergentes, em geral, devem continuar apresentando desempenho sólido em meio a um cenário macroeconômico favorável aos países emergentes devido à desvalorização do dólar. Além disso, o impacto das tarifas sobre a economia brasileira seria modesto.
“O Brasil é uma economia relativamente fechada, com exportações e importações representando apenas 28% do seu PIB em 2024. Seu maior parceiro comercial é a China, e apenas 16% do total das exportações do país vão para os EUA, representando menos de 2% do seu PIB”, concluem os especialistas do UBS em relação às tarifas de Trump sobre o Brasil.