Segundo a Casa Branca, a taxa geral mínima entra em vigor no dia 5 de abril e as tarifas individualizadas, em 9 de abril. Ao Brasil, será aplicada a tarifa mínima de 10%, assim como para Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Panamá, Paraguai, Reino Unido, Turquia, Ucrânia e Uruguai.
Outros países sofrerão com alíquotas maiores. Para a China, as tarifas recíprocas serão de 34% – além dos 20% já anunciados anteriormente –, enquanto os produtos da União Europeia serão taxados em 20%. Para o Japão, Coreia do Sul e Índia, as sobretaxas serão de 24%, 25% e 26%, respectivamente. Importações da Suíça terão uma tarifa de 31%, enquanto os produtos da Venezuela serão taxados em 15%.
“A reação mais contida da Bolsa brasileira ao tarifaço pode ser atribuída. em parte, ao fato de que o Brasil foi submetido a uma tarifa mínima de 10% sobre seus produtos exportados para os Estados Unidos, uma taxa considerada moderada em comparação às impostas a outros países”, explica Leandro Ormond, analista da Aware Investments.
Na visão do especialista, essa diferenciação tarifária pode representar uma vantagem competitiva para o Brasil no comércio internacional, especialmente no segmento de commodities. No entanto, apesar da reação inicial mais branda do mercado brasileiro, o cenário internacional segue cercado de incertezas. “As tarifas impostas pelos EUA aumentam o risco de uma escalada nas tensões comerciais, o que pode trazer impactos negativos para a economia global, visto que essas tarifas foram maiores do que o esperado para a maioria dos países”, alerta Ormond.
Na Bolsa brasileira, ações de petroleiras sofreram no pregão. Os papéis da Brava Energia (BRAV3) chegaram a liderar as perdas do Ibovespa, recuando mais de 7%. Entre os papéis com maior peso na carteira do índice da B3, os ativos da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) também se saíram mal, registrando quedas acima de 3%.
Em Nova York, Nasdaq tomba 5,97%
As Bolsas de Nova York fecharam em forte queda após o anúncio das tarifas de Trump na quarta-feira (2). Nasdaq tombou 5,97%, enquanto Dow Jones e S&P 500 registraram perdas de 3,98% e 4,84%, respectivamente, ao final do pregão.
A Apple (APPL), que produz a maioria de seus iPhones na China, liderou a queda das chamadas “Sete Magníficas”, grupo das maiores empresas do setor de tecnologia dos EUA. Nesta tarde, as ações da empresa tombaram 9,32%, enquanto a Amazon (AMZN) recuou 8,98% e a Tesla (TSLA) cedeu 5,47%. Já Nvidia (NVDA), Meta (META), Alphabet (GOOGL) e Microsoft (MSFT) tiveram perdas de 7,77%, 8,96%, 4,02% e 2,36%, respectivamente.
Bolsa de Paris cai mais de 3% na Europa
As Bolsas da Europa terminaram o dia no campo negativo após o anúncio tarifário de Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou nesta quinta-feira que a União Europeia está finalizando contramedidas em resposta às novas tarifas. Por sua vez, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que responderá às medidas “com cabeça fria e calma”.
Em Londres, o FTSE 100 recuou 1,55%, para 8.474,74 pontos. O DAX, de Frankfurt, caiu 3,08%, fechando em 21.700,36 pontos, enquanto o CAC 40, de Paris, teve queda de 3,31%, encerrando a sessão em 7.598,98 pontos. Em Madri, o Ibex 35 caiu 1,08%, para 13.192,07 pontos, enquanto o PSI 20, de Lisboa, subiu 0,13%, para 6.967,03 pontos. Já o FTSE MIB, de Milão, recuou 3,60%, fechando em 37.070,83 pontos. O Stoxx 600, índice formado a partir do desempenho de 600 empresas de diferentes portes, fechou em queda de 2,67%.
Bolsas da Ásia têm queda generalizada após tarifas de Trump
Na Ásia, o clima dos mercados também foi negativo. O índice japonês Nikkei caiu 2,77% em Tóquio, a 34.735,93 pontos, sob o peso de ações de chips e de bancos, enquanto o Hang Seng recuou 1,52% em Hong Kong, a 22.849,81 pontos, e o sul-coreano Kospi cedeu 0,76% em Seul, a 2.486,70 pontos.
Na China continental, o Xangai Composto teve perda modesta, de 0,24%, a 3.342,01 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 1,10%, a 1.992,39 pontos. O mercado em Taiwan não operou hoje em função de um feriado. No caso taiwanês, as tarifas impostas pelos EUA chegam a 32%.
Na Oceania, a Bolsa australiana também ficou no vermelho em reação às tarifas de Trump, depois de acumular ganhos por dois pregões seguidos. O S&P/ASX 200 caiu 0,94% em Sydney, a 7.859,70 pontos.
Dólar cai globalmente
O dólar hoje fechou em queda de 1,20% a R$ 5,6281 em relação ao real. Analistas ouvidos nesta matéria comentam que as preocupações com a atividade econômica dos Estados Unidos têm pressionado a divisa, levando a um enfraquecimento generalizado da moeda americana.
O índice DXY, que compara o dólar com uma cesta de seis moedas fortes (euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço) recuava 1,67% nesta tarde, aos 102,073 pontos – o nível mais baixo desde outubro de 2024.
Petróleo e minério fecham em queda
O dia foi de forte queda para os contratos futuros de petróleo, com a percepção de que as medidas de Trump podem gerar uma desaceleração da economia global e consequente reduzir a demanda pela commodity. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para maio caiu 6,64%, fechando a US$ 66,95 o barril. O Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), cedeu 6,42%, alcançando US$ 70,14 o barril.
O minério de ferro também sofreu. O contrato mais negociado da commodity no mercado futuro da Bolsa chinesa de Dalian, para maio de 2025, fechou em queda de 0,32%, cotado a 788,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 108,48. Já em Cingapura, o minério para entrega em maio de 2025, recuou 1,52%, o que corresponde a US$ 101,25.
Ouro recua, mas permanece em patamar elevado
Os preços do ouro caíram no pregão desta quinta-feira, mas permaneceram acima dos US$ 3.100 por onça-troy, impulsionados pela busca dos investidores por proteção após o anúncio das tarifas de Trump. O contrato de ouro para junho recuou 1,41%, fechando a US$ 3.121,7 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
*Com informações do Broadcast