Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Foto: Adobe Stock)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pegou de surpresa o mercado financeiro ao anunciar tarifas de importação de 50% para produtos brasileiros após o fechamento do pregão desta quarta-feira (9). Apesar de já ser sabido que novos impostos seriam implementados, a magnitude da taxação preocupa.
“Pode ter um efeito muito negativo no mercado e afetar diretamente as exportações, e consequentemente o Produto Interno Bruto (PIB) e a balança comercial”, afirma Marcos Moreira, sócio da WMS Capital. “Se as tarifas permanecerem nesses patamares que, na nossa visão, são impraticáveis, sem dúvidas podemos ter a atividade econômica revista para baixo, dólar subindo e real desvalorizando.”
Uma das empresas que sentiram o impacto do anúncio da taxação foi a Embraer (EMBR3). Os papéis da companhia já haviam acumulado desvalorização de 3,62% durante a sessão de hoje, antes do anúncio do tarifaço. Após a confirmação da taxação, os títulos negociados nos EUA (ADRs) chegaram a ceder mais de 8% após o pregão regular – um termômetro de como pode ser a abertura do dia amanhã.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há exagero nessa reação já que a demanda por aeronaves não deve ser impactada. “Tem muita empresa que precisa que a Embraer entregue aviões nos próximos anos, não tem como fugir disso, até porque a Boeing e Airbus estão com as filas de pedido muito cheias”, diz Cruz.
Os títulos da Embraer, entretanto, não são os únicos ativos de exportadoras a sofrer estresse após a decisão de Trump. Às 21h460, os ADRs da Petrobras (PETR4) cederam 1,16%, enquanto o PETR3 perdeu 1,03%. Os recibos da Vale (VALE3) caíram 0,61%. Os da Embraer afundam 4,08%. No setor financeiro, Bradesco caiu 1,15% e Itaú perdeu 2,26%.
“A tendência agora é de volatilidade na Bolsa e no câmbio, com possível desvalorização do real e queda das empresas exportadoras”, pondera Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil.
A renda variável e, sobretudo, as ações de empresas exportadoras devem ser as mais penalizadas pelo anúncio do governo dos EUA de que os produtos importados do Brasil terão tarifa de 50% a partir de 1º de agosto, avalia a equipe da Ativa Investimentos, lembrando que a medida é “significativamente superior ao que vinha sendo precificado”. “Além do efeito direto sobre o nível potencial de atividade econômica brasileira, o movimento adiciona um novo vetor de aversão a risco para ativos locais, ampliando a volatilidade e, possivelmente, alimentando a necessidade de revisões em fluxos de caixa e valuation para companhias com maior exposição ao mercado norte-americano”, comentam