A prévia operacional da Vale do segundo trimestre de 2025 foi divulgada nesta terça-feira (Foto: Adobe Stock)
A Vale(VALE3) divulgou seu relatório de produção e vendas do segundo trimestre de 2025 nesta terça (22). O resultado veio levemente acima do esperado pelo mercado, segundo analistas consultados pelo E-Investidor – embora alguns vejam indicadores fracos em relação aos anos anteriores. A mineradora produziu 83,599 milhões de toneladas de minério no período, aumento de 3,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Para o Citi, os dados de produção e vendas mostrados pela Vale são “sólidos” e denotam que a mineradora está no “caminho certo”, segundo os analistas Alexander Hacking, Gabriel Barra e Stefan Weskott, considerando que não houve alteração na projeção. Em função dos resultados, também esperam que as ações da mineradora sejam negociadas em linha com o desempenho do mercado nesta quarta-feira (23).
Pedro Galdi, analista de investimento da plataforma AGF, reforça que a produção veio melhor que o almejado e as vendas mais fracas ficaram de acordo com estratégia pontual de reduzir embarques para não pressionar ainda mais os preços. A Vale teve um preço realizado de US$ 85,1 por tonelada no segundo trimestre de 2025, recuo de 13,3% ante o mesmo período do ano passado.
A cifra do relatório da Vale no 2T25 ficou levemente acima da estimativa de analistas do mercado. A Ágora Investimentos e o Citi esperavam um preço de US$ 85 por tonelada. A XP e a Genial Investimentos eram mais pessimistas: a primeira projetava um preço médio de US$ 82,50 por tonelada, enquanto os analistas da segunda estimavam US$ 83,80.
“Acreditamos que o desvio positivo do preço realizado frente ao nosso modelo tenha decorrido principalmente de uma menor representatividade de contratos sob precificação provisória. Entretanto, importante enfatizar que estávamos mais pessimistas que o consenso”, dizem Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
As vendas de finos atingiram 67,678 milhões de toneladas, recuo de 1,2% ante o mesmo período do ano passado e avanço de 19,2% na comparação sequencial. “Os números operacionais vieram, em sua maioria, levemente acima das nossas perspectivas, mas, ainda assim, não foram suficientes para alterar a trajetória de uma narrativa fraca para o trimestre” explicam os analistas da Genial.
A corretora estima que o lucro da Vale recuará 45% no segundo trimestre de 2025, para US$ 1,5 bilhão. A Genial também supõe que o Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pode ser de 3,4 bilhões, queda de 20,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Publicidade
Já a XP calcula que o Ebitda da Vale no 2T25 pode chegar a US$ 3,3 bilhões, um acréscimo de 1% em relação à estimativa anterior da corretora. A XP projeta um lucro da Vale em US$ 1,48 bilhão no segundo trimestre de 2025, também 1% maior que o aguardado antes do relatório de produção e vendas.
“Vemos os números de hoje (neutros) reforçando a flexibilidade do portfólio da Vale, com um atual ambiente de mercado fraco para prêmios (especialmente na China), implicando em uma aceleração das vendas de produtos de menor valor agregado em comparação com produtos de maior qualidade”, argumentam Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.
Quanto a Vale vai pagar em dividendos?
Os analistas com quem o E-Investidor conversou enxergam que os dividendos da Vale podem ser atrativos. Pedro Galdi, analista de investimento da plataforma AGF, calcula que a empresa tende a reportar nos próximos 12 meses um rendimento em dividendos (dividend yield) entre 8% e 10%. A premissa é feita com base na estimativa do preço do minério de ferro a US$ 100 por tonelada ao longo do restante do ano, o que deve impulsionar o papel da empresa. Por isso, ele recomenda compra com o foco nos proventos da Vale.
A Genial calcula que o preço do minério de ferro deve caminhar para a faixa dos US$ 93 e US$ 108 por tonelada. A corretora vê a companhia como descontada segundo métricas de valuation intrínsecas ou relativas. “Embora continuemos com a percepção de que o prognóstico continua desfavorável, vale ressaltar que a ação segue negociando a 4 vezes EV/EBITDA estimado para 2025 e 3,8 vezes o esperado para 2026, bem abaixo de sua média histórica de 5,0x, corroborando com o nosso entendimento de que há um viés exageradamente pessimista — e injustificável — por boa parte dos investidores em relação à tese de investimentos”, dizem Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza.
A Genial estima que a ação VALE3 deve pagar entre 8% e 10% do seu valor de mercado em dividendos. A corretora recomenda compra para mineradora com preço-alvo de R$ 64,50, alta de 12,17% na comparação com o fechamento de terça-feira (22). O Citi tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo de US$ 12 para os American Depositary Receipts (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse). O valor representa um potencial de valorização de 15,7% em relação ao fechamento desta terça-feira.
Publicidade
A XP é a única conservadora. A corretora comenta que o preço da ação reflete exatamente o que a Vale (VALE3) entrega para o investidor. A corretora tem preço-alvo de R$ 66 para o fim de 2025, alta de 14,78% em relação ao fechamento de terça-feira. Os especialistas dizem que estão neutros com o papel devido à narrativa pouco inspiradora do minério de ferro.