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Varejistas já atingiram o fundo? Analistas indicam se é hora de comprar

As cinco maiores quedas do Ibovespa em 2023 até agora ficaram com companhias do setor varejista

Varejistas já atingiram o fundo? Analistas indicam se é hora de comprar
Varejo. (Foto: Envato Elements)
  • As companhias do setor varejista são algumas das principais quedas do Ibovespa em 2023, principalmente por conta das altas taxas de juros praticadas no país e do baixo poder de compra da população
  • O varejo é um dos setores mais impactados pela alta nos juros por conta da dificuldade da população de ter acesso a bens de maior valor e menor necessidade, diminuindo o volume de compras de itens como produtos da linha branca e eletrônicos
  • Para se ter um parâmetro, as cinco maiores quedas do Ibovespa em 2023 foram de companhias do setor varejista

As companhias do setor varejista são responsáveis algumas das principais quedas do Ibovespa em 2023: Magazine Luiza recua 32,43% no acumulado do ano até a última quarta-feira (8), Casas Bahia (BHIA3) despenca 74,75% e Pão de Açúcar (PCAR3), 76,60%. As ações das empresas do setor sofrem principalmente por conta das altas taxas de juros praticadas no País – atualmente em 12,25% ao ano – e do baixo poder de compra da população.

O varejo é um dos setores mais impactados pelos juros por conta da dificuldade da população de ter acesso a bens de maior valor, o que impacta no volume de compras de produtos domésticos da linha branca e eletrônicos. A taxa de juros básicos na economia – no caso do Brasil, a Selic – é um dos mecanismos econômicos mais utilizados para combater a inflação, que nos últimos anos corroeu o poder de compra da população.

Mesmo com dois cortes seguidos na Selic, o valor das taxas praticadas pelo mercado para empréstimos e financiamentos segue em patamar historicamente alto, e o varejo ainda não conseguiu se recuperar. “Para o varejo começar a chamar atenção, a Selic precisaria cair para baixo de 10%”, disse Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

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Lucas Barleta, gerente do Serasa Crédito, destaca que a redução nos juros ainda não está sendo praticada pelas instituições financeiras no curto prazo. “As últimas variações da Selic não impactaram os juros que as instituições financeiras estão praticando nas operações de crédito no curto prazo. No médio prazo, de seis a doze meses, o consumidor deve começar a sentir”, explicou.

As cinco maiores quedas do Ibovespa em 2023 ficaram com companhias do setor varejista, com o maior derretimento verificado no Grupo Pão de Açúcar (PCAR3). No intuito de auxiliar os investidores em suas aplicações, o E-Investidor consultou quatro analistas para saber se as companhias de varejo listadas na Bolsa já atingiram, de fato, o fundo do poço ou se elas ainda têm espaço para cair.

As varejistas já chegaram ao fundo do poço?

Para os quatro analistas consultados pelo E-Investidor, a resposta para a pergunta acima é não. Por mais que algumas das ações tenham conhecido suas mínimas históricas no decorrer do ano, ainda há espaço para desvalorizações.

E Ferrer explica o porquê. “Este não é o fundo do poço, porque essas ações são muito influenciadas pelo cenário macroeconômico e enquanto os juros estiverem acima dos 10%, o endividamento das famílias estiver alto e a capacidade de compra ainda estiver muito comprometida, o varejo ainda deve cair”, disse.

Além disso, o analista da Empiricus Research comenta que há um grau de risco considerável em aplicar em papéis do varejo. “Se os juros não caírem na velocidade que o mercado espera e se a inflação voltar a assustar, pode-se esperar mais volatilidade nessas ações”, disse Ferrer.

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Larissa Quaresma, também analista da Empiricus Research, tem uma visão um pouco mais positiva para o setor. “As varejistas estão muito baratas, como a Renner (LREN3), mas elas ainda podem ficar mais baratas, dependendo do cenário macroeconômico. Não está no mais baixo, mas está bem próximo. Há mais espaço para subir do que para cair”, disse.

É hora de comprar?

Os analistas já deixaram claro que as ações do varejo estão bem descontadas, mas que ainda há espaço para cair. No entanto, isso pode indicar uma oportunidade de investimento.

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, pontua que é possível comprar ações do varejo, mas que é necessário olhar a qualidade da companhia. “Para o investidor que tem foco no longo prazo, sim, pode ser uma boa oportunidade. Muitas empresas caíram bem, mas temos que ficar atento à qualidade das empresas que estamos comprando”, explicou.

Ferrer, apesar de achar que ainda não é hora de comprar ações do varejo, diz que a Empiricus tem uma preferência dentro do setor. “É o Mercado Livre, porque não tem lojas físicas e atua em um mix diferente das demais, com a melhor cadeia logística do Brasil, além de ser listada no exterior, podendo captar em dólar”, comentou.

Contudo, Diego Faust, líder de renda variável da Manchester Investimentos, pontua que o cenário macroeconômico, com a “incapacidade do Banco Central de manter os juros baixos por muito tempo”, e os juros americanos fazem com que não seja a hora do varejo. “Por esse contexto, o longo prazo não está claro e essas taxas de juros, por mais que já tenham caído, precisam cair um tanto a mais para tornar o varejo atrativo de novo”, disse. “Do jeito que o ambiente externo está trazendo essa incerteza para a Selic, nossos papéis acabam ficando bastante descontados”, completou.

O que falta para o varejo deslanchar?

De acordo com os analistas, o segredo para o varejo deslanchar está na baixa da Selic, na redução dos juros a longo prazo tanto aqui quanto nos Estados Unidos e na recomposição da renda familiar das camadas mais pobres.

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“O corte da Selic ajuda as empresas varejistas e todas as outras companhias cotadas em Bolsa, mas os juros de longo prazo têm uma influência muito maior no preço de uma ação”, disse Quaresma. “No entanto, os juros de longo prazo vão acompanhar os juros dos Estados Unidos, os Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano). Então, eu prestaria mais atenção neste juros de longo prazo e na situação americana”, completou.

Faust vai na mesma linha de Quaresma, indicando a dependência dos juros da taxa básica Selic com o praticado nos Estados Unidos. “O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) indicou a necessidade de manter a taxa de juros longa mais alta durante mais tempo, indo de 2,5% para 5% nos últimos anos. Isso traz para o nosso Banco Central um limite do quanto ele pode fazer a nossa taxa de juros cair no longo prazo”, disse.

“Se você tem uma taxa muito alta nos Estados Unidos e o nosso Banco Central traz o nosso juros para algo que não tenha um prêmio em cima da taxa dos EUA, não teremos dinheiro entrando. O dólar vai disparar e, com isso, a inflação dispara também”, completou.

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