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“Ações da Vulcabras têm espaço para crescer”, diz presidente da empresa

Com caixa robusto, Pedro Bartelle diz que a companhia já está pronta para pagar dividendos

“Ações da Vulcabras têm espaço para crescer”, diz presidente da empresa
Pedro Bartelle, presidente da Vulcabras. Foto: H. Neto/Fractal Fotografia Esportiva
O que este conteúdo fez por você?
  • Com crescimento em 2020 e também no primeiro trimestre de 2021, em meio a uma nova onda de covid-19 no País, o comando da calçadista entende que o valor de suas ações na bolsa ainda não refletem os esforços e resultados recentes
  • No período de um ano, a alta acumulada é de 120,51%, indicando uma forte recuperação desde o período crítico de pandemia em 2020. Em 19 de maio do ano passado, a ação foi cotada a R$ 3,90
  • Entre janeiro e março deste ano, a fabricante de calçados registrou lucro líquido de R$ 14,6 milhões, um aumento de 64% ante o mesmo período do ano passado

Ao longo dos últimos anos, a Vulcabras mudou de nome, decidiu focar apenas no segmento esportivo e comprou players de peso, como as operações da Under Armour no Brasil em 2018 e as da Mizuno neste ano.

Em meio a uma nova onda de covid-19 no País, o lucro líquido da companhia encolheu 78% no acumulado de 2020 em relação ao ano anterior. No entanto, o movimento foi outro em 2021: entre janeiro e março deste ano, a fabricante de calçados reportou um resultado de R$ 14,6 milhões, um aumento de 64% ante o mesmo período do ano passado. Já a receita líquida de R$ 311,8 milhões avançou 30,7%.

O comando da calçadista entende que o valor de suas ações na Bolsa ainda não reflete os esforços e resultados recentes. “A ação recuperou o patamar pré-crise, mas todas as movimentações que fizemos nos últimos tempos ainda não se refletiram no valor da ação da empresa, que vem crescendo muito nos últimos três trimestres, na ordem dos 30%”, diz Pedro Bartelle, presidente da Vulcabras.

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No fechamento do pregão de sexta-feira (21), o papel ordinário VULC3 encerrou o pregão cotado a R$ 8,46. No acumulado do mês de maio e de 2021, a ação cresce 11,32% e 5,88%, respectivamente. Já no período de um ano, a alta acumulada é de 111,50%, indicando uma forte recuperação desde o período crítico de pandemia em 2020. Em 19 de maio do ano passado, por exemplo, a ação foi cotada a R$ 3,90.

Em entrevista ao E-Investidor, o executivo explica como foram os passos recentes da companhia para se firmar como o maior player do segmento esportivo no Brasil. Uma das mudanças foi a criação de um e-commerce próprio, com a construção de um centro de distribuição que melhorou a capacidade e agilidade das entregas.

“Inauguramos o centro de 11,5 mil metros quadrados em Extrema (MG) para as três marcas do grupo (Olympikus, Under Armour e Mizuno)”, diz Bartelle. “O prazo médio de entrega caiu de cinco para dois dias e meio. Temos uma modalidade de frete expresso que entrega no mesmo dia da compra. Igual a qualquer e-commerce moderno.”

Em 2018, a Vulcabras comprou a totalidade do capital social da Under Armour no Brasil pelo valor de R$ 97,5 milhões. Já a compra da Mizuno foi anunciada em setembro de 2020 e avaliada em R$ 200 milhões.

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Com a entrada da Mizuno no portfólio, o grupo calçadista investiu na construção do centro de distribuição, que mesmo operando com menos da metade da capacidade reduziu o tempo médio das entregas. “Cada marca tem a sua loja on-line, mas os sistemas são todos integrados. É uma plataforma única para atender aos sites, que têm suas administrações comerciais separadas, mas a inteligência é da Vulcabras”, diz o presidente da companhia.

Confira os principais trechos da entrevista.

E-Investidor – Em 2021, as ações da empresa têm uma alta tímida de 3,3%. Em um ano, a alta acumulada é de 124,4%. O que justifica esse patamar?

Pedro Bartelle – Nós sofremos uma queda, praticamente como todas as empresas sofreram com a crise. A Vulcabras já recuperou o valor que tinha pré-crise, mas a companhia fez muitas coisas, sobretudo no último ano. Antes se chamava Vulcabras Azaleia, mas nós tomamos a decisão de licenciar a marca Azaleia e focar 100% no mercado esportivo. Há dois anos, compramos a operação da Under Armour no Brasil e em fevereiro deste ano finalizamos com a Alpargatas a compra da operação da Mizuno. Isso tornou a empresa 100% focada no esporte.

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A ação recuperou o patamar pré-crise, mas todas as movimentações que fizemos nos últimos tempos ainda não se refletiram no valor da ação da empresa, que vem crescendo muito nos últimos três trimestres, na ordem dos 30%, dando resultados mesmo no período de crise. Mas a Vulcabras só está no primeiro passo e ainda tem outros para dar.

Investimos R$ 300 milhões nos últimos anos para modernizar o nosso parque fabril, para fabricar qualquer calçado esportivo no Brasil, porque com a vinda das duas marcas adicionais criamos um portfólio completo de categorias esportivas. Temos vantagens competitivas hoje de poder produzir no Brasil e entregar rápido.

E-Investidor – Em quanto tempo as ações podem vir a refletir esses investimentos? 

Bartelle – Hoje estamos com valor de mercado pré-crise, antes de ter a Mizuno e manter o foco total no mercado esportivo. Comparado com os nossos concorrentes, a Vulcabras vem em crescimento e me parece que as nossas ações ainda têm espaço para crescer.

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A XP começou a cobrir a empresa e fez um relatório em que mostra os potenciais da Vulcabras. O BTG também recomendou compra das ações.

O mercado tem falado muito bem da empresa. Tudo depende de entregar os resultados com consistência, do próprio mercado e também de não vir uma terceira onda de covid. Mas a Vulcabras tem feito muito bem o seu papel e está em um momento muito bom. Entregamos um balanço com 30% de crescimento, 60% de crescimento em lucro.

E-Investidor – A companhia comprou a operação da Mizuno. Qual deve ser o impacto dessa aquisição?

Bartelle – Devido ao Cade, que demorou a dar o seu parecer, só tivemos a autorização em janeiro e conseguimos assumir a Mizuno no dia 1º de fevereiro. Por isso o primeiro trimestre não reflete os resultados da operação da Mizuno. Hoje ela já está integrada.

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A operação da Mizuno é robusta e traz de imediato um aumento de vendas. É uma operação que faturou em 2019, segundo a Alpagartas, R$ 444 milhões de receita líquida.

E-Investidor – As vendas digitais cresceram na crise. Como impulsionar o e-commerce da Mizuno?

Bartelle – Nós tínhamos um e-commerce terceirizado, crescemos 140% em 2020. Isso nos forçou  a criar a nossa distribuição própria. Inauguramos um centro de distribuição de 11,5 mil metros quadrados em Extrema (MG) para as três marcas do grupo (Olympikus, Under Armour e Mizuno). Antes, estávamos limitados por causa dessa operação terceirizada porque, além de ser mais custosa, era uma empresa que não tinha capacidade para nos atender.

Fizemos esse investimento e os nossos e-commerces estão liberados para crescer com mais agilidade. O prazo médio de entrega caiu de cinco para dois dias e meio. Igual a qualquer e-commerce moderno que existe dentro e fora do Brasil.

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E-Investidor – Qual é a capacidade de distribuição? A Vulcabras deve ter uma plataforma com todos os produtos juntos ou manter as operações separadas?

Bartelle – O CD atende 35 mil endereços, 7 milhões de peças armazenadas e ele tem uma capacidade enorme de crescimento hoje, porque está trabalhando com menos da metade da capacidade dos produtos. Por isso, a previsão é de um crescimento bastante relevante, com mais agilidade e rentabilidade, acompanhando este mercado. Acredito que rapidamente chegaremos a dois dígitos de participação nas nossas vendas on-line.

Cada marca tem a sua loja on-line, mas os sistemas são  integrados. É uma plataforma única para atender aos sites, que têm suas administrações comerciais separadas, mas a inteligência é da Vulcabras.

E-Investidor – Qual o potencial dessa expansão para a companhia?

Bartelle – Ganhamos um market share interessante no mercado. Mesmo na crise, não desmobilizamos as nossas operações e continuamos com a nossa capacidade total. Quando veio a retomada da demanda, após a primeira onda de fechamentos, conseguimos crescer em um ambiente onde o mercado caía. O mercado de vestuário e calçados caiu nos últimos meses mais de 15% e nós tivemos um crescimento de 30% no último trimestre.

Assim que o mercado voltar a crescer, pretendemos manter este share. A nossa marca Olympikus é líder de mercado. Vemos um potencial bastante grande de crescimento das marcas internacionais porque elas estão utilizando, a partir de agora, todo o centro de desenvolvimento e tecnologia que nós temos, que é o maior da América Latina, na cidade de Parobé, no Rio Grande do Sul, e também as nossas outras fábricas.

E-Investidor – O senhor falou em dar novos passos. Novas aquisições fazem parte desse ideal de crescimento ou este deve se dar de forma orgânica?

Bartelle – A Vulcabras é uma empresa que tem a convicção de que os três negócios têm uma via de crescimento muito grande, ainda orgânico, mas está muito atenta às modificações que estão acontecendo no mercado e às oportunidades.

As três marcas atuam em toda a pirâmide de preços, que vai de R$ 150 até R$ 1,5 mil em calçados, e de R$ 50 até R$ 1 mil em roupas. Temos todas as modalidades esportivas e atuamos em três categorias: vestuário, acessórios e calçados.

Temos um portfólio completo de produtos para atender as necessidades dos consumidores de esportes no Brasil e atletas também, e a pretensão de resolver todos os anseios dos consumidores brasileiros, com as três marcas.

E-Investidor – Diversas empresas foram à Bolsa em busca de capitalização. Consideram fazer uma nova oferta?

Bartelle – A Vulcabras é uma empresa muito sólida, geradora de caixa e com baixa alavancagem financeira. Tínhamos prejuízos acumulados até pouco tempo atrás, de uma reestruturação do passado. Passamos a ter lucros acumulados, então a empresa se credibiliza a partir de agora a distribuir dividendos, demanda sempre recorrente nas conversas com acionistas.

No crescimento orgânico, estamos muito confortáveis. Se for necessário fazer alguma operação do tipo no futuro, vamos analisar. Mas hoje em dia a Vulcabras está muito sólida e segura com o seu caixa.

E-Investidor – Quais são as suas expectativas para 2021?

Bartelle – Em 2020, vários dos nossos concorrentes tiveram prejuízo. Nós mesmos ficamos um bom tempo parado. Mas mesmo nesse ano terrível de pandemia tivemos lucro. Não foi o esperado, comparado aos anos anteriores, mas tivemos. No segundo semestre de 2020, quando foi possível começar a produzir de novo, tivemos crescimento não só no lucro mas nos indicadores de uma maneira geral.

No primeiro trimestre de 2021, já notamos um resultado bom. Ele é afetado pela restrição que aconteceu em março, quando alguns dos nossos pedidos não chegaram aos nossos clientes devido à segunda onda de fechamentos. Então nosso primeiro trimestre poderia até ter sido um pouco melhor.

O segundo trimestre (de 2020) sofreu com o lockdown em abril porque foi o mês mais afetado. Tomamos a decisão de antecipar um período de férias que tínhamos dentro de abril. Mas maio já começa muito bem, com uma recuperação interessante e dentro dos nossos planos. Junho também acreditamos que será de recuperação.

Estou otimista com o segundo semestre. O comércio não está totalmente preparado, algumas empresas estão passando por dificuldades, mas nós nos preparamos para atender as demandas do mercado entregando os melhores produtos em um momento de dificuldade, crise e diminuição de poder aquisitivo, porque temos o melhor custo-benefício.

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