Juliano Custódio, CEO e fundador da EQI. Foto: Divulgação/EQI
Às vésperas da Money Week – evento do mercado financeiro que acontece em Balneário Camboriú (SC) na sexta-feira (1º) –, o som do bater de sinos ecoa pelo escritório da EQI sempre que um assessor conquista pelo menos R$ 1 milhão de um novo cliente. Atualmente, a corretora mantém cerca de R$ 44,5 bilhões em custódia, mas mira alcançar o patamar de R$ 50 bilhões até o fim de 2025 – meta que pode ser ampliada, nas palavras do CEO, Juliano Custódio.
Tudo começou com um blog, o EuQueroInvestir, idealizado pelo próprio Custódio em 2013. A ideia consistia em trazer conceitos de educação financeira e termos técnicos que ainda não eram tão conhecidos pelo público em geral, com conteúdos sobre Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Selic, por exemplo.
Ele lembra como se fosse hoje da primeira conta aberta pelo site. Era de uma senhora de Brasília, funcionária pública federal. Quando o depósito caiu — R$ 50 mil de alguém que ele nunca tinha visto pessoalmente —, ficou paralisado por alguns segundos. “Meu Deus, funcionou”, foi a primeira coisa que pensou.
Por esse canal, conquistou novos clientes para o que até então era um escritório de agentes autônomos ligado à XP. Anos mais tarde, o negócio cresceu a ponto de atrair o BTG Pactual como sócio e de lançar-se como uma corretora em 2023.
Durante todos os anos de sua história, um objetivo nunca mudou: o de atrair clientes que estão no interior do País, fora do núcleo da Faria Lima. Para isso, a empresa busca adotar uma linguagem mais próxima do seu público-alvo, sem o linguajar rebuscado ou os termos em inglês que dominam o mercado financeiro.
“Nós sempre apostamos em falar português para as pessoas, não o ‘financês’. Isso gera confiança ao cliente”, afirma Custódio. “Tentamos nos conectar com o pessoal do interior do País”.
EQI quer ampliar oferta de FIDCs
Agora uma das empreitadas da corretora é aumentar a oferta dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). “Esse tipo de produto exige um nível maior de explicação ao cliente, mas as pessoas estão começando a comprar FIDCs com mais naturalidade”, comenta o CEO da EQI.
Ele acredita que os instrumentos podem ajudar a diminuir a concentração bancária no Brasil e facilitar a tomada de crédito. “Os FIDCs estão correndo por fora e gerando uma competição sadia com os bancos – e a gente quer entrar nessa competição”, afirma.
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Alexandre Viotto, head de câmbio e banking da EQI, explica que a casa atua em duas frentes, estruturando FIDCs para empresas e oferecendo crédito para clientes por meio desses fundos. “Existem essas pontas. Ou o cliente ganha como investidor ou como tomador de crédito”, explica.
Investida internacional
Atualmente, a EQI tem um escritório em Miami, nos Estados Unidos, em fase pré-operacional. Ele funciona como um Registered Investment Adviser (RIA), comparado à consultoria de investimentos no Brasil.
Segundo Roberto Varaschin, co-fundador e diretor da EQI, o objetivo inicial da unidade nos EUA é atender os brasileiros que já são clientes da casa. No segundo momento, a ideia é começar a conquistar também os brasileiros que moram no exterior.
No curto prazo, não há planos de expansão internacional. “Mas se entendermos que faz sentido, vamos para Portugal, Espanha ou qualquer país onde haja brasileiros”, pondera Varaschin. “Vontade e ambição nós temos, só que, por enquanto, esse passo ainda está distante.”
Independentemente do cenário macroeconômico, a EQI acredita que todo investidor deveria ter uma parcela do seu portfólio aplicada no exterior, seja ele de perfil conservador, moderado ou agressivo. Segundo Caio Tuca, head internacional da casa, o mercado americano oferece oportunidades não encontradas no Brasil, com destaque para teses ligadas a empresas de tecnologia.
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O recente decreto do governo que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para diferentes operações de câmbio também despertou o interesse maior por investimentos no exterior, na visão da EQI. “O investidor entendeu que isso foi feito numa ‘canetada’ do dia para a noite. Muito investidor que já pensava em enviar dinheiro para fora acabou se antecipando, com medo de novas mudanças”, destaca Tuca.