

A Trump Media & Technology Group abriu uma ação na Justiça americana nesta quarta-feira (19), junto à plataforma de vídeos Rumble, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O processo afirma buscar “impedir as tentativas do ministro de censurar ilegalmente empresas americanas”.
O caso tramita em um tribunal de Justiça Federal sediado na Flórida. Ao Estadão, Moraes, via assessoria do STF, disse que não comentará o assunto.
No documento, as partes acusam o ministro de ter emitido ordens para suspender várias contas sediadas nos Estados Unidos de um “usuário brasileiro politicamente expressivo e bem conhecido”. A descrição se refere ao blogueiro Allan dos Santos, investigado pelo STF por propagação de desinformação e por ofensas a ministros da Corte brasileira.
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A acusação também reclama da exigência de que o Rumble, uma empresa sediada na Flórida, sem funcionários ou ativos no Brasil, designe um representante legal no país sul-americano para “aceitar ordens de censura e se submeter à autoridade de Moraes“, em suas palavras.
“Permitir que o ministro silencie um usuário em uma plataforma digital americana colocaria em risco o compromisso fundamental do nosso país com um debate aberto e vigoroso. Nem imposições extraterritoriais nem o ativismo judicial vindo do exterior podem se sobrepor às liberdades protegidas pela Constituição e pelas leis dos Estados Unidos”, destacam as empresas na ação.
Quem são Trump Media e Rumble?
O Rumble é uma plataforma para o compartilhamento de vídeos que funciona de forma similar ao YouTube. Com a proposta de ser “imune à cultura do cancelamento”, passou a abrigar produtores de conteúdo restritos em outras redes sociais, como os bolsonaristas Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Bruno Aiub, conhecido como Monark. A rede também já foi citada em decisões do STF para a remoção de conteúdo, mas não cumpriu as determinações da Justiça brasileira por não contar com representação no País.
Já a Trump Media se define uma empresa focada em mídia social e tecnologia cuja missão é acabar com o suposto “ataque” das big techs à liberdade de expressão. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é dono de 58,7% da companhia, segundo dados mais recentes.
O grupo controla a Truth Social, rede social lançada em 2022, depois que o republicano foi banido das principais plataformas sociais, incluindo o Facebook e o então Twitter (agora X), após a invasão de partidários do político ao Capitólio (centro legislativo) dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. Desde então, Trump foi readmitido nas redes citadas, mas concentrou sua comunicação na Truth Social.
Empresas têm ações na Bolsas
Fundado em 2013 pelo empreendedor Chris Pavlovski, seu atual CEO, o Rumble abriu capital em setembro de 2022. Atualmente, as ações da empresa são negociadas sob o ticker “RUM”. Nesta quarta (19), os papéis caem 0,52% a US$ 11,52 na Nasdaq.
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Já os ativos da Trump Media & Technology Group só começaram a ser negociados no mercado acionário em 26 de março de 2024. Antes de operar na Bolsa de Valores, a empresa se fundiu com a Digital World Aquisition Corp, uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC) – Companhia com Propósito Específico de Aquisição, em português. Esse tipo de empresa, mais conhecida como sociedade “cheque em branco”, é criada com o objetivo de obter recursos para comprar ou combinar negócios com outras companhias.
Com a fusão, as ações da Trump Media substituíram as da Digital World Acquisition Corp na Nasdaq, com o código de negociação passando de “DWAC” para “DJT”. O ticker carrega as iniciais de Donald Trump e presta homenagem direta ao presidente dos Estados Unidos.
No final de janeiro, a empresa anunciou que seu conselho de administração aprovou o lançamento da fintech Truth.Fi, que pretende trabalhar com ETFs (fundos de índices), bitcoin e outras criptomoedas. A expectativa é de que os produtos e serviços da instituição sejam lançados ainda em 2025. No dia do anúncio da novidade, as ações da Trump Media chegaram a saltar mais de 7%. Hoje os papéis cedem 0,41% a US$ 29,11 na Nasdaq.