- O diretor de operações disse que o endividamento da Smart Fit deve crescer, mas de forma natural
- A Smart Fit deve continuar pagando o dividendo mínimo para o seu acionista
- A Smart Fit busca reduzir custos com o uso de energia solar
A rede de academais Smart Fit (SMFT3) tem uma meta ambiciosa para 2024: abrir de 240 a 260 academias. Como o custo médio para a abertura de uma academia do grupo é de R$ 5 milhões, deve exigir um investimento de aproxidamente R$ 1,3 bilhão. Em entrevista exclusiva ao E-Investidor, o COO da companhia, Diogo Corona, falou sobre os caminhos que a empresa irá percorrer para garantir a expansão planejada.
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Corona afirmou que a maior parte do dinheiro virá do caixa da companhia, mas haverá necessidade de endividamento. “É natural que o endividamento medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda da Smart Fit (SMFT3) aumente devido à expansão”, diz Corona.
No entanto, o executivo destaca que a alavancagem da empresa, medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), encerrou o quarto trimestre de 2023 em 0,68 vez, menor que o 0,83 vez do quarto trimestre de 2022 e muito menor que os patamares da pandemia, quando a alavancagem chegou a 15,75 vezes no primeiro trimestre de 2021.
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Justamente por causa dessa comparação, o COO considera que o indicador está controlado e que a companhia deve continuar com uma perspectiva conservadora em relação à sua dívida. “A gente tem um perfil muito conservador. Ou seja, o endividamento deve crescer, mas será muito pouco e nada que mude a estrutura da empresa”, argumenta Diogo Corona.
Vale lembrar que a Smart Fit encerrou 2023 com uma dívida bruta de R$ 3,9 bilhões. O dinheiro em caixa é de R$ 2,6 bilhões e a dívida de curto prazo na casa dos R$ 643 milhões. A companhia teve um lucro líquido de R$ 1,16 bilhão no ano passado, o primeiro lucro anual desde a sua estreia na Bolsa em 14 de julho de 2021, quando a empresa fez uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
A rede de academias entrou na Bolsa com a ação precificada a R$ 23. Desde então, o papel passou por forte volatilidade e chegou a registrar queda de 59,13% na comparação entre o preço do IPO e de sua mínima intradiária histórica registrada em 5 de julho de 2022, quando a ação chegou a ser cotada a R$ 9,63. Naquele mesmo dia, o papel da Smart Fit encerrou o pregão cotado a R$ 9,97, uma queda de 56,65% na comparação o preço do IPO.
As baixas no ativo eram justamente por causa dos prejuízos que a empresa estava reportando. A Smart Fit encerrou 2022 com um prejuízo de R$ 10,7 milhões. Já em 2021, o prejuízo foi de R$ 557,5 milhões.
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Questionado pelo E-Investidor sobre qual foi o plano da gestão para tirar a companhia do vermelho, Corona comentou que 2021 foi um ano muito fora da curva por causa da pandemia, que exigiu uma série de medidas restritivas para controlar o coronavírus, como o fechamento de academias.
“O Ebitda chegou a ser praticamente zero em 2021”, afirma o executivo. Já em 2022, a melhora só começou a aparecer em agosto, mas ainda muito tímida, por isso, ela só foi vista ao longo de 2023.
Essa recuperação também foi vista nas ações da companhia, que sobem 166,4% entre os R$ 9,97 de julho de 2022 e o fechamento de sexta-feira (22), quando a ação encerrou o pregão a R$ 26,56. Em relação ao preço do IPO e o fechamento de sexta, o ativo acumula alta de 15,5%.
O que vai acontecer com os dividendos?
Mesmo com essa virada de prejuízo milionário para lucro bilionário, a empresa ainda prefere se limitar ao pagamento mínimo de dividendos. A Smart Fit pagou R$ 266 milhões em dividendos em 2023. O valor equivale a 22,9% do lucro de R$ 1,16 bilhão no acumulado do ano.
Corona comenta que o foco da companhia é a expansão e os dividendos devem vir depois. “A gente não tem estimativa de quando vai pagar mais dividendos. Nosso foco atual é muito no crescimento. E a gente está abrindo bastante geografia para ajudar isso”, explica Corona.
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Segundo ele, existe um número de expansão saudável e que, em algum momento, o Ebitda superará o investimento anual exigido. E se isso acontecer, a empresa tende a começar a pagar mais dividendos. “Se isso acontecer, você tem duas saídas: você distribui esse excedente para o acionista ou você vai aumentar infinitamente sua expansão. No caso da Smart Fit, haverá uma distribuição, pois não é possível fazer uma expansão de 400 lojas por ano com uma boa qualidade”, ressalta o diretor de operações.
Smart Fit investe em energia solar para reduzir custos
Por fim, Corona conclui que a empresa busca uma redução de custos e por isso vem renegociando seus contratos de aluguel. Outro ponto é que a Smart Fit está investindo em energia solar reduzir custos. A empresa está com 148 unidades em dois modelos de operação.
O primeiro é o modelo de geração distribuída de energia remota. A SmartFit por intermédio dos seus parceiros comerciais, que constroem as usinas, gera energia para a rede de distribuição. A companhia de distribuição de energia acompanha e contabiliza essa geração de energia renovável remota.
No próximo mês de medição da energia elétrica, o valor correspondente à geração de energia das usinas é abatido nas contas da companhia.
Segundo Corona, a empresa não trabalha com o modelo roof top (geração junto à carga) colocando painéis solares nos telhados das academias. “Optamos por não trabalhar nesse modelo por trazer um risco de infraestrutura e os projetos serem menos eficientes e rentáveis”, explica o diretor de operações.
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O segundo modelo de operação é a migração de unidades que estão conectadas em média tensão na rede de distribuição para um ambiente de livre negociação do preço de energia. Com essa possibilidade, a empresa pode buscar preços mais atrativos.
Os dois modelos, de uso de energia solar somado com a negociação livre de energia rendeu uma economia de R$ 7 milhões para a Smart Fit em 2023. Atualmente, a rede de academias tem uma central geradora hidrelétrica, uma usina de biogás de aterro sanitário e 7 pequenas usinas solares. Corona, comenta que em 2024 a empresa terá outra expansão em usinas de energia solar.
“A gente tem bastante projeto de energia solar. Já usamos isso nas nossas academias no Brasil e agora implementaremos isso no México. Nosso foco é reduzir os custos com essas coisas, o que deve trazer mais eficiência para a empresa”, salienta Corona.