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Negócios

Beto Sicupira, parceiro de Lemann na 3G, tem um novo investimento. E bem diferente de tudo até agora

Depois de dominar o mercado mundial das cervejas ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles, o empresário mira em um projeto coletivo em Portugal

Beto Sicupira, parceiro de Lemann na 3G, tem um novo investimento. E bem diferente de tudo até agora
Luísa Arantes, o enólogo Pedro Marques e Beto Sicupira, da 3G Capital, em sua marca de vinhos Qta do Paraíso (Foto: Gisele Rech)
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  • Sicupira é um dos sócios da 3G Capital, gestora de investimentos com participação acionária em empresas como AB Inbev, Americanas e Burger King
  • O novo investimento de Beto, a Qta do Paraíso, oferece quatro rótulos de vinho, todos de uvas Castelão
  • Na primeira entrada no mercado, metade das garrafas será exportada ao Brasil pela Clarets, que também cuidará da distribuição ao mercado português

O mercado de produtores de vinho brasileiros em Portugal, que cresce a cada ano, ganhou um reforço de peso: o empresário Carlos Alberto Sicupira, o Beto, detentor de uma das maiores fortunas do Brasil. O carioca, um dos sócios da empresa de investimentos 3G Capital e com participação acionária de peso em empresas como a AB Inbev, Americanas e Burger King, coloca no mercado, neste mês, as primeiras garrafas de sua marca de vinhos Qta do Paraíso, que também serão comercializadas no Brasil.

O projeto em terras lusas alia duas grandes paixões de Beto: o vinho e a natureza. A propriedade, que fica em uma das paisagens mais belas de Portugal, foi encontrada em um passeio de bicicleta pela região da Arrábida – aliás, uma das outras grandes paixões do empresário é pelo ciclismo.

“Portugal é um pouco do segundo país para todos os brasileiros e a Serra do Azeitão, um pulmão verde junto ao mar e a menos de uma hora de Lisboa. Descobrimos a quinta em um tour e decidimos nos mudar para cá”, explica o empresário, que fez questão de apresentar cada cantinho da propriedade, com aquela simplicidade e boa prosa que fazem dele uma personagem ímpar.

“A gente só acredita na sustentabilidade a longo prazo de um projeto se ele for rentável

De início, a ideia era trabalhar com uvas italianas, pelas quais havia maior afeição, mas ao se deparar com as “vinhas velhas” abandonadas no local (termo utilizado para referenciar as videiras mais antigas de uma determinada região), surgiu o desejo de investir na recuperação do terreno. “Na vida, tudo que faço tem de estar ligado à excelência. E recuperar esses vinhedos passou a ser a nossa missão aqui. Queremos produzir vinho de alto padrão, baixa produção e com preços bem equilibrados para a sua qualidade”, diz.

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Nesse ponto, engana-se quem pensa que a paixão pelos vinhos distorça a acurada visão de negócios que tornou Beto um dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil. “A gente só acredita na sustentabilidade a longo prazo de um projeto se ele for rentável. Fazer bom vinho, mas perder dinheiro todo o ano não dá. Por isso, a Qta do Paraíso foi pensada para ter um investimento e uma estrutura de custos adequada a suas receitas”, afirma o empresário, que investiu 205 mil euros para tirar o projeto do papel.

Ou seja, trata-se de uma produção de alta qualidade, mas em pequena quantidade. A primeira leva que vai ao mercado tem 10 mil garrafas, que poderão chegar a 20 mil mais tarde.

Nessa construção, Beto Sicupira encontrou aliados importantes para formar o “coletivo”, como é tratado o projeto da Qta do Paraíso: o enólogo Pedro Marques e a gerente Luísa Arantes, que trabalham na linha de frente do projeto, cujos processos são os mais artesanais possíveis.

De início, a Qta do Paraíso oferece quatro rótulos, todos de uvas Castelão, mas de parcelas e com vinhas de idades diferentes. Na primeira entrada no mercado, metade das garrafas será exportada ao Brasil pela Clarets, que também cuidará da distribuição ao mercado português. “As duas operações de distribuição estão começando nesse momento, com as primeiras safras a chegaram ao mercado esse mês, dezembro de 2024. Ambos mercados para pessoa física e restauração. Durante o próximo ano esperamos chegar a outros países da Europa”.

Condução dos negócios

O brilho nos olhos de Beto ao falar do seu novo projeto é indisfarçável. No entanto, apesar da atenção especial que tem dado à quinta, ele segue de olho nos seus outros negócios no Brasil, como uma espécie de mentor dos membros dos Conselhos de Administração das respectivas empresas onde mantém investimentos.

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“Os conselhos são estruturas super profissionais, com gente jovem e muito bem preparada. São eles que tocam a gestão executiva das nossas empresas. Eu, além do companhamento e participação nos órgãos de que pertenço enquanto acionista, me mantenho à disposição de todo mundo. A ideia é que minha experiência de gestão de todos esses anos, seja um ativo sempre disponível para os nossos Conselhos de Administração”, explica.

Aliás, a expertise de Beto como empresário, que construiu um império ao lado dos sócios da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles, deve fazer a diferença no mundo corporativo por muitos e muitos anos ainda. Afinal, a caminho dos 80 anos, o empresário não pensa em se aposentar tão cedo.

Warren Buffett (Berkshire Hathaway) me contou uma vez uma história deliciosa. Ele comprou a empresa de uma senhora russa, na época com 60 anos, e perguntou se ela queria continuar tocando a empresa. Ela aceitou e ficou … por mais 40 anos. Aposentou, finalmente, com 103 anos. E morreu no ano seguinte”, conta.

A história verídica serve como pano de fundo para Beto reforçar seus planos para o futuro. “Vou ser bem claro: não tenho nenhum plano de me aposentar. Adoro aprender, adoro fazer. Continuo com o mesmo brilho nos olhos quando encontro uma boa ideia e vou em frente”. Claramente, é o caso do coletivo da Qta do Paraíso.

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Com os planos de aposentadoria passando a largo, na visita do E-Investidor à quinta, Beto Sicupira, que é bom de garfo, serviu uma seleção de sorvetes feitos por ele com frutas da propriedade, como figo e medronho, um fruto muito comum em Portugal do qual se faz aguardente. Quem sabe não venha daí mais ideia de negócio desse jovem senhor?