

A casa de análise norte-americana Grizzly Research LLC soltou um relatório nesta quarta-feira (12) no qual afirma que os lucros da XP (XPBR31) dependem de um esquema de “pirâmide financeira” e questiona as operações da instituição financeira brasileira. Procurada, a XP afirmou que as informações são “falsas, incorretas e imprecisas” e reforçou seu “compromisso com a ética, transparência, conformidade regulatória e o cumprimento da lei”.
“A companhia cumpre com a lei e segue todas as normas estabelecidas por órgãos reguladores, como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), SEC, Banco Central, dentre outros, e tem suas operações auditadas regularmente por instituições independentes”, diz a XP. “Serão tomadas todas as medidas legais cabíveis contra a Grizzly Research.”
A Grizzly Research, especializada em procurar problemas nas empresas para apostar na queda das ações, se apresenta como especialista em “produzir insights de pesquisa diferenciados sobre empresas de capital aberto” e um contraponto às casas focadas em recomendações de compra de ativos. “Somos tendenciosos em nossas visões, assim como os investidores, a empresa sobre a qual publicamos, os bancos de investimento e quase qualquer parte interessada”, diz a research, no site da companhia. “Não temos medo de publicar nossas visões pessimistas.”
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De acordo com a Grizzly, no centro do suposto “esquema” estariam dois fundos da XP: o “Gladius FIM CP IE” e o “Coliseu FIM CP IE”. Esses produtos são “market makers”, ou seja, são responsáveis por dar liquidez a operações com derivativos feitas por clientes. Na prática, as aplicações atuam como contrapartes dessas transações, comprando os ativos dos investidores. Segundo a research, somente o Gladius teve um retorno de mais de 2.419% em cinco anos, com volatilidade “incrivelmente baixa”.
“Sem o Gladius e o Coliseu, a XP não seria lucrativa“, aponta a Grizzly. Contudo, o segredo da lucratividade destes produtos seriam os Certificados de Operações Estruturadas (COEs). De acordo com a casa, o Gladius está pagando prêmio indevidos da venda de COEs para a XP, contabilizando as entradas de caixa desses produtos como lucros.
De acordo com um analista-chefe de mercado internacional com 10 anos de experiência, que preferiu não se identificar, a Grizzly possui uma reputação “mista” – a casa é conhecida no nicho de short-sellers, mas falta credibilidade por seus incentivos financeiros e provas frágeis. A própria empresa assume posições vendidas nas ações que critica, lucrando com as quedas após seus relatórios. Os apoiadores valorizam a research por expor riscos que outros ignoram. Já os críticos veem como oportunista, com relatórios exagerados e pouco embasados.
Até as 15h49, os BDRs da XP negociados na Bolsa brasileira caíam 6,09%, aos R$ 81,85. Na Nasdaq, os papéis caíam 5,51%, aos US$ 14,14.
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