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Temporada de compras chegando: o que esperar das ações de shoppings?

Ações de shoppings figuram em vermelho no acumulado anual, mas podem crescer com fim de restrições da pandemia

Temporada de compras chegando: o que esperar das ações de shoppings?
Foto: Pixabay
  • Historicamente, o final do ano é momento do ano que os centros comerciais tendem a lotar. Por conta dessa movimentação, as atenções no mercado financeiro voltam-se às ações de shopping centers
  • “Existem boas oportunidades, entretanto, para uma performance melhor, é preciso condições macro mais favoráveis.", diz analista
  • Shoppings pequenos e com localização desfavorável devem sofrer mais, enquanto os de nicho e bem localizados podem ser bastante atrativos com os múltiplos atuais

Para muitos brasileiros, a chegada aos últimos meses do ano significa o momento de comprar os presentes de Natal para familiares e amigos, ou presentear a si mesmo. Historicamente, é nesse período do ano que os centros comerciais tendem a lotar e registrar os maiores lucros. Por conta dessa movimentação, as atenções no mercado financeiro voltam-se às ações de shopping centers.

Em meio à queda do Ibovespa registrada nos últimos meses, o setor de exploração imobiliária pode ser uma boa alternativa pensando nas vendas em alta até o começo de 2022? Vale lembrar que, em setembro, a maior parte das ações de empresas varejistas fecharam no vermelho. Olhando para os shoppings, apenas o JPSA3, da Jereissati Participações, tem acumulado resultado positivo no ano, diferentemente dos outros sete papéis do setor. A companhia está em processo de incorporação com a Iguatemi (IGTA3), que, apesar da queda de 9,33%, apresenta o segundo melhor resultado entre os pares.

Confira o desempenho das ações do setor de exploração de imóveis:

Ticker
Empresa
Preço
Variação
Em 15/10 Mês Ano
JPSA3 Jereissati R$ 28,97 -1,02% 8,54% 10,66%
IGTA3 Iguatemi R$ 33,36 0,48% 5,77% -9,50%
MULT3 Multiplan On N2 R$ 20,26 0,35% 6,46% -13,90%
SCAR3 Sao Carlos On Nm R$ 37,80 0,00% 2,72% -13,90%
BRML3 Br Malls R$ 8,45 -0,12% 4,58% -14,65%
LOGG3 Log Com Propon Nm R$ 27,04 1,88% 4,32% -20,14%
ALSO3 Aliansce Sonae Shopping Centers R$ 22,93 0,44% 0,92% -20,71%
LPSB3 Lopes Brasilon Nm R$ 2,92 -1,02% 7,35% -41,37%
Fonte: Broadcast. Dados atualizados até o fechamento de 15/10

 

Para analistas do mercado financeiro, o resultado negativo não é exclusivo do segmento, mas da renda variável como um todo por conta da estrutura política que vem afetando a volatilidade nos investimentos, como a preocupação com o teto de gastos públicos, além da PEC dos precatórios e do envolvimento de nomes da política monetária nacional em esquemas fiscais.

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Ricardo França, analista de investimentos da Ágora, aponta que o aumento dos custos com energia elétrica, combustíveis e commodities causaram o crescimento expressivo da inflação, afetando o poder de compra da população e, consequentemente, o varejo como um todo, que já havia sido bastante penalizado por conta da pandemia.

França ainda ressalta que o início de pagamento do 13° também deve contribuir para o aquecimento das vendas. “Existem boas oportunidades, entretanto, para uma performance melhor é preciso condições macro mais favoráveis. Maior geração de empregos, retorno do poder de compra e diminuição dos juros são alguns dos pontos”, explica.

De acordo com Dany Chvaicer, head de renda variável e co-fundador da Ébano Investimentos, shoppings pequenos e com localização desfavorável devem sofrer mais, enquanto os de nicho e bem localizados podem ser bastante atrativos com os múltiplos atuais. Segundo ele, com a inflação alta, o poder de compra das classes mais baixas vai afetar os gastos familiares, o que deve diminuir os resultados dos empreendimentos mais populares.

Apesar disso, Chvaicer explica que, em geral, os contratos com lojas não tendem a ser afetados. “Os contratos dos shoppings com os lojistas costumam ser de longo prazo e têm correção com a inflação, o que torna o setor parcialmente protegido”, aponta.

Outro fator de atenção é o preço dos produtos de linha branca, a exemplo dos eletrônicos, como ressalta Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. “Espera-se um bom patamar de vendas, mas o setor deve ser impactado por restrições na cadeia de produção global que criam um aperto na oferta de produtos, o que causa limitações e aumento dos preços”, comenta.

Expectativa pós-pandemia

Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, salienta que o impacto positivo esperado pelo segmento acontece não só por conta do período de fim de ano, mas como da reabertura de serviços e atividades, reflexo da diminuição de casos e mortes por conta do coronavírus.

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“No quarto trimestre devemos ter restrições praticamente nulas, o que deve valorizar o setor que enfrenta uma demanda ainda bastante reprimida”, diz.

Outro fator incluso do cenário econômico nacional pós-pandemia é a volta de juros. Enquanto em 2020 a Selic (taxa básica de juros) passou sete meses na casa de 2%, ela já alcança 6,25% neste mês e deve fechar o ano a 8,25%.

Siqueira explica que, geralmente, os papéis de shoppings são comparados com títulos públicos porque têm receitas estáveis, indexadas à inflação. Entretanto, se a atividade econômica não acompanha o crescimento inflacionário, os resultados podem ser prejudicados. “Em cenário de alta dos juros, o setor sofre por ter relação bastante negativa entre o preço das ações do shoppings e a taxa de juros”, complementa.

Destaques do setor

Para a Ébano Investimentos, o destaque é para a Multiplan (MULT3) por ter como público-alvo o segmento de média e alta renda com marcas consolidadas como Morumbi (SP), Ribeirão Shopping (SP), Barra Shopping (RJ) e Park Shopping (DF).

O head de renda variável destaca que a empresa apresentou receita líquida no segundo trimestre 7,2% maior que a registrada no mesmo período do ano anterior. “Temos a Multiplan na carteira e na nossa casa de Research Levante, como alvo, as ações da MULT3 em R$ 28,20 para o final deste ano.”

A Infinity Asset ressalta o destaque da Multiplan como uma performance “defensiva” dentro do segmento, por atuar em regiões onde o púiblico é predominantemente formado por pessoas de classes mais altas, o que tende a ter menos o impacto da alta dos preços e desemprego.

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Na mesma perspectiva, a Ágora Investimentos tem recomendação de compra dos papéis da Aliansce Sonae (ALSO3), assim como a MULT3.

Para o analista da Constância, boa parte das ações precificam os preços ‘normais’ anteriores à pandemia. Ele destaca Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTA3) como integrantes da carteira.

O head de renda variável da Ébano alerta aos investidores que as ações, em geral, antecipam a alta ou queda dos preços em eventos de aumento de rentabilidade como no caso das vendas nas festas de final do ano nos shoppings. “Comprar ações pensando exclusivamente em um evento pode não refletir nas cotações imediatamente. Se acredita que o setor irá bem, deve comprar antecipadamente pensando no longo prazo e não apenas no evento”, destaca.

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