

Os 15 fundos de ações focados em dividendos com melhor desempenho em 2025 entregaram, em média, 17% de retorno até abril, de acordo com um levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor.
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Os 15 fundos de ações focados em dividendos com melhor desempenho em 2025 entregaram, em média, 17% de retorno até abril, de acordo com um levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor.
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A rentabilidade fica acima do Ibovespa no mesmo período (13%) e até do DIVO11, principal fundo de índice (ETF) de dividendos da B3, com 11%.
Na opinião de Eduardo Grübler, gestor de multimercados da gestora AMW Asset Management, a combinação de fatores macroeconômicos e setoriais gerou o bom desempenho desses fundos no início deste ano. “Bons pagadores de dividendos, especialmente midcaps (médio porte), dão, historicamente, bons retornos em períodos de virada de chave, em início de bull market (período de mercado em alta), com risco relativamente bem controlado”, diz.
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Apesar de serem vistos como alternativas para renda passiva, os fundos de dividendos apresentam diversos riscos relevantes. “Além dos usuais de qualquer investimento em ações, como risco de mercado, de liquidez, de concentração, de crédito… Temos ainda o risco de mudanças na legislação tributária”, aponta o especialista.
Grübler se refere ao Projeto de Lei nº 1.087/2025, do governo federal, que isenta o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês e, em contrapartida, propõe a tributação de lucros e dividendos distribuídos, que atualmente são isentos. Se a proposta passar, a partir de janeiro de 2026, haverá retenção na fonte de 10% sobre os valores que excederem R$ 50 mil mensais por empresa pagadora. A mudança pode impactar os investidores que priorizam renda passiva por meio de fundos de dividendos, reduzindo o valor líquido recebido.
Por outro lado, as empresas pagadoras de dividendos são especialmente sólidas. Na avaliação geral do mercado, são essas as melhores dos seus setores, pois costumam dar lucros de forma recorrente e têm boa geração de caixa, o que possibilita a distribuição dos lucros a seus acionistas.
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O bom desempenho dos fundos dedicados às empresas de dividendos é derivado do atual movimento de ajuste de preços na bolsa, com a melhora nas expectativas para juros e inflação que vem ajudando a impulsionar as ações, num contexto de Bolsa brasileira ainda “barata”. “Essa combinação de fatores é o que faz essas ações subirem desde o início do ano”, comenta Felipe Pontes, gestor de patrimônio e sócio da AvantGarde Asset Management.
A AvantGarde tem um fundo de dividendos, lançado há menos de um ano, que foi destaque no mês de abril e aparece no top 30 dos melhores do ano. Mesmo com seu produto aparecendo bem na foto, Pontes aconselha os investidores a não olhar apenas para o lucro de momento. “O retorno é uma medida que pode ser enganadora, você pode cair em armadilhas. Retorno e risco sempre andam juntos”, diz.
Pontes orienta o investidor a avaliar como o fundo se comportou em períodos de crise, se apresentou alta ou baixa volatilidade e se está alinhado ao seu perfil de risco. Também vale investigar o histórico da gestora, se é consolidada ou iniciante, diz. “Alguns desses fundos do ranking entregaram retornos elevados, mas às custas de um nível de risco muito alto. Quando se analisa o retorno ajustado ao risco, o desempenho já não se mostra tão vantajoso, afinal, houve a possibilidade real de perdas significativas”, comenta.
Para escolher com maior consciência as melhores opções de fundos olhando esses critérios, há ferramentas como o site Mais Retorno. Neste tipo de plataforma gratuita é possível ter acesso gratuito a indicadores como retorno, volatilidade e índice de Sharpe, um indicador de lucro ajustado ao risco.
Se o índice de Sharpe estiver negativo, significa que o investidor está assumindo risco sem ser adequadamente compensado, ou seja, está “pagando para correr risco”. Isso pode acontecer pontualmente, especialmente em períodos de alta volatilidade como o último ano. Por isso, é um erro analisar o Sharpe apenas em janelas curtas, como os últimos 12 meses. “O ideal é observar seu comportamento ao longo do tempo, para entender se o fundo entrega bons resultados de forma consistente.”
Mas será que vale a pena tomar todos esses riscos quando o próprio mercado oferece soluções mais simples, como os fundos de índice, que têm custos muito mais baixos que fundos ativos?
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O DIVO11, ETF que replica o índice IDIV (Índice de Dividendos), está trazendo um bom retorno este ano, com as empresas que compõem esse indicador. Elas são companhias de alta liquidez e pagaram mais proventos nos últimos 36 meses. “Fundos de gestão ativa valem a pena quando o investidor acredita na capacidade do gestor de selecionar ações que superem o índice de referência ou busca uma estratégia personalizada”, diz Grübler da AMW.
Em outras palavras, um ETF passivo apenas replica um índice e por isso não há muito espaço para decisões estratégicas. “Eu sou da linha que defende a combinação entre gestão ativa e passiva, especialmente para o investidor pessoa física que opera por conta própria”, diz Pontes. Ele pondera que, dessa forma, o investidor tem um gestor profissional cuidando do patrimônio, mantendo um equilíbrio com ETFs que replicam o mercado específico.
É importante lembrar que, embora fundos ativos tenham custos mais altos, a rentabilidade divulgada já é líquida de taxas e impostos. Muitos evitam esses fundos ao ver uma taxa de 2,20% ao ano, preferindo ETFs com taxas de 0,50% ou 0,70%. Mas esse comparativo pode ser enganoso. “O que realmente importa é o retorno líquido entregue”, diz Pontes. Ou seja, não basta escolher o investimento mais barato, é preciso comparar o que, de fato, está entregando mais resultado.
Para quem deseja incluir dividendos na carteira, a alocação ideal varia conforme o perfil do investidor. Um perfil conservador pode optar por uma pequena exposição a ETFs de dividendos, priorizando liquidez, baixo custo e diversificação. Já o perfil moderado tende a se beneficiar de uma combinação entre ETFs, fundos ativos, que buscam superar o índice, além de uma seleção enxuta de ações pagadoras de dividendos. Para o investidor agressivo, a estratégia pode incluir uma parcela maior em ações individuais, com maior potencial de valorização (e risco), complementada por ETFs e fundos ativos para mitigar volatilidade e ampliar a exposição setorial.
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