A ação da Petrobras (PETR4) é recomendada pelos analistas do BTG Pactual, Ágora Investimentos e Santander. A recomendação acontece pelo fato de a empresa se apresentar como uma boa pagadora de dividendos e de ter cumprido uma governança corporativa vista pelos analistas como “aceitável” nos últimos dois anos.
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Ainda assim, os analistas do BTG Pactual comentam que a recente disparada do dólar ante real e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional chamaram atenção para a política de repasse de preços da Petrobras. Segundo os analistas, o desconto para a paridade de preço de importação (PPI) agora está em 18% para o diesel e 11% para a gasolina, com crescente especulação sobre possíveis ajustes de preço.
No entanto, eles explicam que ao invés de aderir estritamente ao PPI, a Petrobras introduziu uma estratégia de faixa de preço, oscilando entre seu custo de oportunidade (efetivamente o preço de paridade de exportação, PPE) e o custo alternativo do cliente (essencialmente PPI). Na visão dos especialistas, a implementação dessa estratégia de faixa de preço concede à administração da empresa maior flexibilidade para isolar os consumidores da volatilidade durante períodos de instabilidade macro ou geopolítica, conforme amplamente apoiado pela administração atual.
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“Desde 2023, início do governo Lula, a companhia ajustou o diesel e a gasolina significativamente menos vezes em comparação ao período de 2019 a 2022 (governo Bolsonaro). Pode-se argumentar, no entanto, que essa flexibilidade pode diminuir à medida que o ano se encerra, principalmente se a estratégia de preços adotada na maior parte do ano favoreceu preços menores”, dizem Luiz Carvalho, Pedro Soares, Henrique Perez e Bruno Henriques.
Quanto a Petrobras deve pagar em dividendos em 2025?
Em meio a essa política de preços, os analistas do BTG estimam que a Petrobras deve entregar um lucro de US$ 19,9 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 59,9% na comparação com o lucro de US$ 12,45 bilhões estimado para 2024. Devido a esse lucro, os analistas estimam que os dividendos da Petrobras devem entregar um retorno de 13,8% em 2025.
A equipe do Santander estima um lucro da Petrobras na mesma linha, em US$ 19 bilhões. No entanto, os especialistas divergem do BTG e estimam ser pouco provável que a empresa aumente o preço da gasolina neste momento. “Embora acreditemos que a Petrobras aumente os preços dos combustíveis no curto prazo, particularmente a gasolina, o aumento do imposto ICMS para combustíveis em 1º de fevereiro reduz nossa convicção sobre os aumentos do preço no curto prazo, dado o impacto na inflação”, dizem Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, que assinam o relatório do Santander.
Ainda assim, mesmo com uma política de preços mais contida, a equipe do Santander estima que o rendimento em dividendos da Petrobras deve ficar em 13% em 2025. Já a equipe da Ágora Investimentos diz que a empresa deve realizar um bom pagamento de dividendos em 2025 devido ao fato de a empresa afirmar que terá uma projeção anual de dividendos obrigatórios de US$ 45 bilhões e mais US$ 10 bilhões em dividendos extraordinários, o que para os analistas é positivo.
“As projeções de dividendos no plano são baseadas no Fluxo de Caixa Livre implícito, dadas as premissas do plano, e não são vinculativas. A expectativa de pagamento de dividendos extraordinários de US$ 10 bilhões não limita os dividendos da Petrobras em um eventual cenário de possíveis preços mais altos do petróleo, um real mais depreciado ou desembolsos menores do que o esperado em investimentos nos próximos 5 anos. Vemos o plano como positivo para o investidor”, dizem Vicente Falanga do Bradesco BBI e Ricardo França da Ágora Investimentos.
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Com base nesses pontos, a Ágora Investimentos calcula que a Petrobras deve entregar um rendimento em dividendos de 13,1% em 2025. A corretora tem recomendação de compra para as ações PETR4 com preço-alvo de R$ 51 para o fim de 2025, uma possível alta de 38,5% na comparação com o fechamento de quinta-feira (23), quando a ação encerrou o pregão a R$ 36,83.
A equipe do BTG também recomenda compra para as ações da Petrobras com preço-alvo de R$ 58 para os próximos 12 meses, um crescimento de 57,48% na comparação com o fechamento de quinta-feira. Os analistas, no entanto, reforçam que a empresa possui o risco estatal.
“Observamos que toda a tese descrita acima continua a depender fortemente de nossa crença de que os mecanismos de governança corporativa da Petrobras permanecerão intactos. Esse é um dos riscos de se investir na empresa”, afirmam os analistas do BTG.
No caso do Santander, os especialistas classificam o ativo como outperform, que é equivalente à recomendação de compra. O preço-alvo é de R$ 51 para o fim de 2025, uma possível alta de 38,5% em relação ao fechamento de quinta. A dupla de especialistas também reforça que investir na Petrobras pode trazer alguns riscos para o investidor.
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Alguns desses riscos são as grandes fusões e aquisições no curto prazo, as quais podem afetar o fluxo de caixa e os dividendos da empresa, preços mais baixos do petróleo e mudanças adicionais em sua política de dividendos. Ou seja, mesmo que as três casas recomendem compra, o investidor deve se lembrar de que a Petrobras (PETR4) possui ricos consideráveis.