O estudo apontou diferenças marcantes entre as regiões do país. Imagem: Adobe Stock.
Um levantamento recente do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) trouxe dados sobre a mobilidade social no Brasil. A pesquisa acompanhou a trajetória de 15,5 milhões de jovens, com idades entre 7 e 16 anos em 2012, que viviam em famílias beneficiárias do Bolsa Família.
Doze anos depois, em 2024, o estudo revelou que uma parte expressiva desses jovens deixou de depender do programa, indicando avanços consistentes na renda familiar e na inclusão social.
Avanço na autonomia financeira das famílias
Segundo a Agência Brasil, 10,3 milhões de jovens, o equivalente a 66,5% do grupo analisado, já não estão mais vinculados ao Bolsa Família. Esse resultado mostra que, para a maioria das famílias, o benefício serviu como um impulso temporário, permitindo alcançar um nível de estabilidade econômica maior.
Por outro lado, 5,2 milhões de jovens, o equivalente a 33,5%, continuavam recebendo o benefício em 2024. Esses dados revelam que, embora o avanço seja expressivo, ainda há desafios estruturais que mantêm parte da população em situação de pobreza.
Disparidades regionais
O estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) apontou diferenças marcantes entre as regiões do país. Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores taxas de desligamento do programa, refletindo economias mais dinâmicas e maior inserção produtiva.
Já o Nordeste e a Amazônia Legal concentram a maior proporção de jovens ainda vinculados ao Bolsa Família. Segundo os pesquisadores, essa discrepância está ligada às condições históricas de desigualdade e à menor oferta de empregos formais nessas localidades.
Perfil dos jovens e influência da educação
A amostra analisada era composta majoritariamente por jovens pretos e pardos (73,4%), em idade escolar obrigatória. Embora 96% deles estivessem matriculados, 27,4% apresentavam defasagem idade-série, um indício de que o acesso à educação não garante, por si só, igualdade de oportunidades.
Ainda assim, o estudo ressalta que a frequência escolar tem sido um fator decisivo para romper o ciclo intergeracional da pobreza e ampliar as chances de ascensão social.