Em 2012, a maior parte desses beneficiários vivia em condições de alta vulnerabilidade. Imagem: Adobe Stock.
O Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social divulgou um levantamento que redesenha o cenário da mobilidade social no Brasil. Segundo a pesquisa destacada em nota do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), quase metade dos jovens que cresceram em famílias atendidas pelo Bolsa Família conseguiu se desligar totalmente do Cadastro Único (CadÚnico) até o ano de 2024.
Quando o grupo analisado começou a ser acompanhado, em 2012, a realidade era marcada por desigualdades profundas.
Segundo o MDS, 73,4% dos jovens se declaravam pretos ou pardos e, embora a frequência escolar fosse alta (96%), cerca de 27,4% apresentava defasagem idade-série. Além disso, 14,3% viviam em moradias precárias e apenas 40,4% tinham acesso à rede de esgoto.
Cenário dos principais resultados
Do total de 15,5 milhões de jovens acompanhados ao longo de 12 anos, 7,6 milhões (48,9%) deixaram completamente o CadÚnico, o que indica uma melhora na renda familiar e na estabilidade financeira.
Outros 2,7 milhões (17,6%) deixaram de receber o Bolsa Família, mas permaneceram no cadastro, demonstrando avanço parcial. Juntos, esses grupos representam 66,4% dos beneficiários que não dependem mais diretamente do programa.
Como o levantamento foi estruturado
O estudo, chamado “Determinantes da Saída do Cadastro Único”, analisou crianças e adolescentes que tinham entre 7 e 16 anos em 2012. O recorte temporal permitiu acompanhar, por mais de uma década, a trajetória de famílias em situação de vulnerabilidade e identificar os elementos que contribuíram para o desligamento ou a permanência dessas pessoas na rede de assistência.
O que favoreceu o desligamento do CadÚnico
Entre os fatores que mais influenciaram a saída do cadastro estão: maior escolaridade dos responsáveis, empregos formais e renda familiar superior à média dos beneficiários já em 2012. De acordo com o instituto, essas variáveis aumentaram as chances de estabilidade e reduziram a dependência de programas assistenciais.
Desafios para o futuro
Apesar dos avanços, o estudo ressalta que um terço dos jovens acompanhados ainda faz parte do CadÚnico, o que reforça a necessidade de políticas públicas de continuidade, voltadas à qualificação profissional, acesso à educação superior e empregabilidade.