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Crise no mercado da China? Investidores abortam missão “compra tudo”

Tepper e Burry ajustam estratégias, sinalizando uma abordagem mais seletiva

Crise no mercado da China? Investidores abortam missão “compra tudo”
Investidores globais adotam postura cautelosa em relação ao mercado chinês Foto: Adobe Stock

Os recentes movimentos de dois grandes nomes do mercado financeiro, David Tepper e Michael Burry, indicam que a abordagem de investir extensamente em ações chinesas está perdendo força. Após a excitação inicial com os ativos da China, ambos os investidores ajustaram suas estratégias em relação à segunda maior economia do mundo.

Segundo a Bloomberg, David Tepper, fundador da Appaloosa Management, que em setembro recomendou “comprar tudorelacionado à China, revisou sua posição no terceiro trimestre. Embora tenha feito a exposição geral na região, elevando para 38% do portfólio — contra 26% no trimestre anterior —, Tepper reduziu sua participação na gigante Alibaba e no fundo iShares China Large-Cap. Paralelamente, reforçou investimentos em empresas como PDD Holdings, JD.com e KE Holdings.

Já Michael Burry, conhecido por prever o colapso do mercado imobiliário dos EUA em 2008, seguiu um caminho diferente. Enquanto ampliava sua fatia em ações chinesas, incluindo o Alibaba, foram adotadas medidas para se proteger de possíveis perdas. Sua gestora, Scion Asset Management, adquiriu opções de venda equivalentes a 84% de seu investimento na empresa, repetindo a mesma estratégia com outras gigantes como Baidu e JD.com.

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Essas configurações ocorrem em um cenário desafiador para o mercado chinês. Apesar do forte desempenho do índice CSI 300 no final de setembro, que registrou alta de 35% em 10 dias, o otimismo foi freado pela decepção com o alcance limitado dos estímulos econômicos prometidos pelo governo. Além disso, a tensão entre Pequim e Washington, intensificada pelas ameaças de Donald Trump, adiciona incertezas à segurança.

Especialistas interpretam os movimentos como um sinal de maior seletividade. Andy Wong, do Solomons Group, sugere que uma abordagem ampla de “comprar tudo” deu lugar a uma análise mais criteriosa, com foco em empresas de fundamentos sólidos.

Os dados reforçam a cautela: as ações da China incorporadas em Hong Kong recuaram cerca de 20% desde outubro, refletindo a frustração com lucros abaixo das expectativas. Para investidores como Tepper e Burry, o momento parece ser de equilíbrio entre aposta e resguardo, enquanto o mercado avalia os próximos passos da economia chinesa.

Colaborou: Gabrielly Bento.