

Com o crescimento acelerado do uso do Pix no Brasil, criminosos têm se aproveitado da popularidade do sistema para aplicar golpes cada vez mais sofisticados.
Um dos mais recentes e perigosos é o chamado “golpe do Pix errado” ou “Pix devolvido“, que tem circulado amplamente nas redes sociais. Nele, os estelionatários usam o próprio Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado pelo Banco Central para proteger os usuários, como ferramenta para enganar vítimas e lucrar em dobro com a fraude.
A estratégia começa com uma transferência aparentemente equivocada para a conta da vítima, seguida de um pedido de reembolso via WhatsApp ou ligação. O detalhe é que o valor devolvido não retorna à conta de origem, mas sim para outra conta indicada pelos criminosos. Enquanto isso, o golpista aciona o MED para tentar retirar também o valor inicial da vítima, duplicando o prejuízo.
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O número de casos vem crescendo em ritmo alarmante. Segundo dados do Banco Central divulgados em matéria do E-Investidor, em 2022 foram registrados cerca de 1,5 milhão de pedidos de devolução por fraude. Já em 2023, esse número ultrapassou 2,5 milhões de solicitações.
Apenas entre janeiro e maio de 2024, foram mais de 1,6 milhão de pedidos — o que representa quase 7% de todas as solicitações de devolução feitas no ano.
Nova medida contra golpe do Pix
Como medida para ajudar as vítimas e evitar prejuízos causados pelos golpistas, o Banco Central anunciou uma medida que promete facilitar a vida de quem cai em golpes envolvendo o Pix.
A partir de outubro de 2025, usuários vítimas de fraudes terão à disposição uma nova funcionalidade nos aplicativos bancários para solicitar o reembolso diretamente, sem a necessidade de passar por canais externos ou longas burocracias. A novidade será integrada como uma atualização do MED — ferramenta criada pelo BC em 2021 para possibilitar a devolução de valores transferidos via Pix em casos de fraudes ou erros operacionais das instituições financeiras.
Com a normativa BCB nº 589, o Banco Central exigirá que os bancos atualizem seus sistemas para incluir autoatendimento no ambiente do Pix, facilitando o registro de reclamações por parte das vítimas.
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A partir da mudança, será possível denunciar transferências indevidas diretamente na interface do Pix dentro do aplicativo do banco. Caso a fraude seja comprovada, o banco que recebeu o valor poderá bloquear os recursos e devolvê-los ao pagador.
Entretanto, é importante destacar que conforme a Agência Brasil, o MED não cobre situações em que o erro parte do próprio usuário, como quando se digita um número incorreto durante uma transferência. O mecanismo se aplica apenas a:
- Casos de fraude comprovada, em que o usuário é enganado ao fazer o envio do valor;
- Falhas operacionais cometidas pela instituição financeira envolvida na transação.
Além disso, o Banco Central também determinou que os bancos passem a exibir com destaque o acesso ao MED no aplicativo. A atualização do MED do Pix, está prevista para entrar em vigor a partir do dia 1º de outubro de 2025.
Colaborou: Renata Duque.