Após alcançar o seu menor valor desde agosto de 2024 nos últimos dois pregões, odólar hoje encerrou a sessão de sexta-feira (4) em alta de 0,36%, cotado a R$ 5,4242. Operadores financeiros atribuem a valorização da moeda americana frente ao real aos movimentos de ajustes de posição dos investidores e realização de lucro em uma dia marcado pela queda da liquidez em função do feriado da independência nos EUA.
Apesar desse cenário morno, os investidores ficaram atentos às negociações comerciais entre os Estados Unidos e outros países à medida que se aproxima o fim do prazo da trégua comercial, previsto inicialmente para o dia 9 de julho, quando as tarifas devem voltar aos seus níveis anunciados no dia 2 de abril. O presidente americano, Donald Trump, enviou cartas aos parceiros comerciais nesta sexta-feira (4) com a definição de tarifas de importação unilaterais.
Os novos tributos começarão, segundo o republicano, a ser aplicado no dia 1º de agosto. “Elas variarão em valor de talvez 60% ou 70% para 10% a 20%”, disse o chefe da Casa Branca. No entanto, o governo americano espera fechar novos acordos comerciais nos próximos dias. Na quarta-feira (2), Trump detalhou o desfecho da negociação com o Vietnã. A decisão dos dois países estabeleceu que os produtos vietnamitas importados para os Estados Unidos serão taxados com uma alíquota de 20%, menor que a taxa de 46% imposta no início de abril. A alíquota, porém, subirá para 40% caso os produtos sejam produzidos em outros países. Em contrapartida, os itens exportados dos EUA para o Vietnã não serão penalizados por tarifas.
Para Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad, embora os porcentuais representem uma redução considerável, a tarifa contra o Vietnã ainda pode gerar um efeito inflacionário para os consumidores americanos, especialmente nos setores de componentes elétricos e eletrônicos e produtos têxteis. “Se esses custos serão ou não repassados aos consumidores, ainda é incerto”, complementa. Já o governo chinês informou que Pequim e Washington aceleraram a implementação do princípio de acordo comercial alcançado em Londres, no mês passado. China concordou em aliviar as restrições às exportações de terras raras em troca de os EUA Unidos removerem algumas restrições comerciais do gigante asiático.
Por aqui, o mercado acompanha o impasse em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que, a depender do desfecho, pode azedar o humor dos investidores. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de manter a validade do decreto responsável pelo aumento do IOF que foi derrubado pelo Congresso.
A decisão estremeceu a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo. Entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e oito partidos, a maioria deles do Centrão, pediram ao STF para manter a decisão dos parlamentares. “A judicialização do decreto do IOF, a ameaça de novas propostas no Congresso que ampliam a rigidez orçamentária, amplia a percepção de falta de articulação na política fiscal”, diz Costa.
Apesar do cenário incerto no exterior e do risco fiscal doméstico, a Porto Asset reduziu a projeção do dólar para o fim de 2025 de R$ 6,25 para R$ 5,25 ao enxergar uma apreciação significativa do câmbio no primeiro semestre do ano. Para 2026, a gestora estima uma cotação de R$ 5,80 para a moeda americana.