Com a emissão de 1,2 trilhão de ações, Gol visa superar situação financeira atual. (Foto: Adobe Stock)
A companhia aérea Gol está passando por uma grande mudança em suas ações negociadas na Bolsa de Valores. Depois de sair do Chapter 11, programa de recuperação judicial nos EUA, a empresa decidiu tomar novas medidas para acumular capital: as ações da Gol hoje passam a responder na Bolsa como GOLL53 e GOLL54, para os papéis ordinários e preferenciais, respectivamente. Não só isso, a aérea também optou pela estratégia de emissão de novas ações como tentativa de alavancar sua situação financeira.
Logo após o horário de abertura do pregão desta quinta-feira, as ações GOLL54 já mostraram valorização de 10,13%. Na sequência, os papéis ampliaram os ganhos e por volta das 11h40 estavam cotados a R$ 14,32, o que representa uma alta de 39,44%.
Essa porcentagem permaneceu por algum tempo, até as ações entrarem em leilão por oscilação de máxima permitida – ou seja, a retirada de um papel do pregão. Por volta das 13h, após o período de retirada das ações de negociação, as ações voltaram a subir, até atingir a valorização de 318,70% e a cotação de R$ 43,00.
No final do dia, as ações exibiam alta significativa no preço de tela: um salto de 1.886,37%, sendo negociadas a R$ 204, depois de passarem por diferentes leilões por oscilação máxima permitida.
O leilão de ações acontece quando a Bolsa identifica uma movimentação atípica e acentuada em nos ativos de determinada empresa. Assim, o leilão contém a volatilidade e permite que as negociações sejam retomadas com maior equilíbrio. Basicamente, funciona da seguinte forma: por um determinado período de tempo, não é possível comprar ou vender aquele ativo. As ordens de investidores ainda podem ser enviadas, mas só serão efetivadas quando a negociação for reestabelecida.
Na abertura de mercado da Bolsa de Valores brasileira, a B3, a Gol emitiu 1,2 trilhão de novas ações a fim de aumentar seu capital em R$ 12 bilhões. Dessa forma, para alcançar a quantia, a empresa vendeu esses ativos ao preço de R$ 0,01 cada, contra a cotação de R$ 0,8 do último fechamento, de quarta-feira (11). Além disso, os papéis com novos tickers na Bolsa passaram a ser operados em lotes padrão de 1 mil ações ao invés do tradicional lote de 100 unidades.
Veja o que dizia o mercado antes do pregão
A partir desta quinta-feira, os papéis da companhia aérea passam a ser negociados com o chamado direito de preferência. Esse direito ocorre quando uma empresa decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores e fica, portanto, obrigada a dar preferência de compra dessas novas ações a seus atuais investidores. A ideia é garantir a opção para que os acionistas possam manter o mesmo nível de participação na companhia.
De acordo com o análises do mercado ouvidas pelo E-Investidor antes da abertura da Bolsa, a estratégia de emissão de ações podia gerar uma queda significativa no valor dos papéis. Isso porque o aumento expressivo da oferta tende a reduzir os preços se não houver mudanças na demanda.
Outro ponto envolve os fundamentos da empresa. “Quando você tenta fazer uma conta simples – por exemplo, 1 trilhão de novas ações vezes R$ 1 – chega a um valor de mercado de R$ 1 trilhão, o que obviamente não faz sentido para a Gol, pois é uma quantia muito alta para a situação atual da empresa”, comenta o gestor de fundos de ações da AZ Quest, Welliam Wang. Novas atualizações sobre as ações da Gol hoje serão feitas ao longo do dia.