Empresas de serviços públicos, como a Sabesp, deve seguir atraindo atenção do invstidor. Foto: AdobeStock
Após observarem uma valorização média de 23,2% das ações de companhias de serviços públicos (utilities) brasileiras deste início do ano até agora, os analistas do Santander (SANB11) avaliam que realizar lucros pode ser um movimento “sensato”, embora afirmem que continuam otimistas.
“Reduzir a exposição em utilities para aumentar as posições no título de 10 anos parece justificável, em nossa opinião”, escreveram os analistas André Sampaio, Guilherme Lima e Francisco José Paz Diaz, em relatório intitulado “É hora de reduzir a exposição a utilities brasileiras?”.
As ações das utilities brasileiras sempre foram consideradas uma opção de investimentos para proteção contra inflação, tendo em vista não apenas a indexação de seus contratos, como também o forte crescimento orgânico observado e o ambiente regulatório considerado estável.
No entanto, os analistas do Santander citam que o spread entre as taxas internas de retorno (TIR) dessas empresas e a taxa de remuneração dos títulos de 10 anos estão em mínimas históricas, tendo caído aos 3,5% em março, abaixo da média histórica de 4,9%. Esse movimento reflete não só a recente valorização das empresas como também do alto patamar de juros dos títulos, que permanecem em 7,4%, perto do pico dos últimos 15 anos.
Apesar de admitir o momento de realização de lucros, Sampaio, Lima e Diaz afirmam não ver razão para acreditar que utilities não deva continuar sendo uma “posição central” para investidores em ações, tem em vista que os principais argumentos de investimento – proteção contra a inflação, crescimento orgânico e regulamentação estável – permanecem válidos. No entanto, consideram que o fluxo estrangeiro e os indicadores macroeconômicos assumirão um papel ainda maior no desempenho dos papéis do setor.
Top Picks
Dentre os destaques no setor, na avaliação da equipe, estão Sabesp (SBSP3), Copel (CPLE6), Enel Chile, Equatorial (EQTL3), Águas Andinas e Eneva (ENEV3).
Sabesp é considerada a principal recomendação na América Latina, por combinar alta liquidez, grande capitalização de mercado (US$ 13,77 bilhões), um acionista controlador respeitado (a Equatorial), uma previsão de crescimento significativo do Ebitda, de 18% anual em média entre 2024 e 2029, e potencial de crescimento inorgânico. “Acreditamos que o desempenho anterior da Equatorial com a recuperação de ativos recentemente privatizados justifica nosso otimismo de que a Sabesp possa cumprir esse cenário otimista”, disseram.
No caso da própria Equatorial, os analistas consideram que a empresa “oferece qualidade com uma avaliação atrativa e oportunidades de crescimento”. Além disso, dizem gostar da cultura corporativa da empresa e do histórico da administração em alocação de capital e recuperação de ativos problemáticos.
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Sobre Copel, os profissionais destacam a história de dividendos mais atrativa do setor. De acordo com eles, embora a ação da companhia tenha apresentado desempenho positivo no acumulado do ano, a privatização ainda não está totalmente precificada. “Acreditamos que isso pode mudar nos próximos anos, especialmente se dividendos extraordinários forem anunciados”, escreveram, acrescentando que a empresa deve anunciar sua nova política de dividendos na divulgação dos resultados do primeiro trimestre, prevista para 8 de maio.
Por fim, consideraram Eneva como o nome mais bem posicionado para surfar na tendência de crescimento da demanda por capacidade de energia no Brasil. Os analistas acreditam que o governo deverá adotar uma abordagem conservadora e organizar leilões recorrentes de capacidade de reserva no futuro, de forma a atender à demanda crescente. Para eles, no próximo leilão, previsto para ocorrer até o fim do ano, a Eneva deve recontratar seus ativos existentes e seu gasoduto Celse.