Ágora e Bradesco BBI rebaixam recomendação da Ambipar (AMBP3) para venda. Foto: Divulgação/Ambipar
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI rebaixaram a recomendação da Ambipar (AMBP3) de neutra para venda, com preço-alvo passando de R$ 135 para R$ 120 ao final de 2025. As casas são as únicas que ainda possuem cobertura para a empresa, de acordo com o site de Relações com Investidores (RI) da companhia. Bank of America (BofA), Itaú BBA e XP Investimentos colocaram o papel sob revisão.
Na visão da Ágora e do BBI, os resultados do terceiro trimestre de 2024 da Ambipar foram bons, confirmando que o processo de recuperação em andamento já começou a dar frutos. “No entanto, preço é algo muito importante e, para justificar o valuation atual, a Ambipar precisaria crescer mais rápido e realizar um processo de turnaround (reestruturação) impecável”, ponderam os analistas Renato Chanes e Larissa Monte, da Ágora, e Victor Mizusaki, do BBI, que assinam o relatório em conjunto.
Os especialistas apontam que os resultados corporativos mais recentes confirmaram a melhoria na geração de fluxo de caixa e também a redução da alavancagem financeira para 2,8 vezes dívida líquida/EBITDA (indicador que mede o grau de endividamento de uma empresa) no terceiro trimestre de 2024, de 3,1 vezes no segundo trimestre.
As casas também notam uma evolução na execução da gestão. Em novembro, a Ambipar anunciou a contratação de Izabella Teixeira como presidente do Comitê Global de Sustentabilidade da companhia. Ela foi ministra do Meio Ambiente entre 2010 e 2016. Após deixar a pasta, assumiu o cargo de copresidente do Painel de Recursos Internacionais da ONU e é consultora em Mudanças para o Clima do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
“Essa contratação, combinada com a adição de Roberto Azevêdo, ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), mostra que a empresa está focada no crescimento orgânico e tem um plano ambicioso para liderar o processo global de descarbonização”, indicam a Ágora e o BBI.
No entanto, a questão do valuation esticado foi decisiva para fazer com que a recomendação da empresa fosse rebaixada. O preço das ações subiu 26% desde o relatório de retomada de cobertura pelas casas, em 4 de novembro. Dessa forma, os papéis estão sendo agora negociados a 16,4 vezes o múltiplo EV/EBITDA – indicador que relaciona o valor da companhia (EV) e o seu Ebitda (geração de caixa) – para 2025, 15% acima dos pares globais. Com isso, os analistas veem um potencial de queda de 25% até o final do próximo ano.
“Seu valuation já está precificando o plano de recuperação total e crescimento mais rápido, então, apesar de um começo forte, achamos que é muito cedo para revisar nossas estimativas para cima”, destacam.
O que poderia mudar a recomendação para AMBP3?
Para atualizar as ações para neutra ou compra, as casas esperam ver um potencial mínimo de alta de 10% e 30%, respectivamente. Com base em um múltiplo-alvo de 14 vezes EV/EBITDA, considerando os pares globais da Ambipar, a empresa precisaria entregar um Ebitda em 2025 de R$ 2,6 bilhões e R$ 2,96 bilhões, superando o consenso em 51% e 73%, implicando assim um crescimento anual de 46% e 67%, respectivamente. “Portanto, embora os resultados da empresa tenham melhorado, preferimos esperar alguns trimestres antes de alterar materialmente nossas estimativas”, ponderam os analistas.
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Eles também destacam que a Ambipar Environment (vertical especializada em gerenciamento de resíduos com foco em valorização) apresenta um prêmio de valuation significativo, enquanto a Ambipar Response (vertical que lida com emergências químicas e de poluentes) continua altamente descontada.
Se for excluído o valor de mercado atual da Ambipar Response do grupo Ambipar, a Ambipar Environment está sendo negociada a 27 vezes EV/EBITDA para 2025, 87% acima de seus pares globais. Por outro lado, a Ambipar Response está sendo negociada a um múltiplo de 4,3 vezes EV/EBITDA para o próximo ano. “Em nossa opinião, o baixo volume médio diário de negociação em US$ 0,1 milhão parece explicar esse desconto”, explicam a Ágora e o Bradesco BBI.