A Ambipar (AMBP3) informou na inicial protocolada na Justiça do Rio de Janeiro de seu pedido de recuperação judicial dívidas de R$ 10,481 bilhões, sendo R$ 10,439 bilhões quirografárias (que não desfrutam de privilégios). De acordo com o documento obtido pela Broadcast, R$ 35,931 milhões são dívidas com fornecedores e R$ 6,281 milhões trabalhistas.
No documento, a Ambipar voltou a apontar seu ex-CFO João Arruda como o responsável pela assinatura dos aditivos de derivativos contratados com o Deutsche Bank, que pressionaram a empresa a recorrer à proteção contra credores em 25 de setembro.
Ao mesmo tempo, descreve a trajetória do executivo desde sua saída do Bank of América, onde participou da oferta de ações que levou a companhia para a bolsa, até a mudança no contrato de derivativos do Deutsche Bank de proteção cambial nos bonds (títulos de renda fixa emitidos no exterior) emitidos pela Ambipar, que teria sido feita sem conhecimento dos demais executivos.
O documento também defende a instauração do caso na Justiça do Rio de Janeiro, com provas fotográficas da sede na capital fluminense, contestando ainda as provas dos bancos credores, que foram levadas ao juízo no pedido de transferência da causa para São Paulo. A defesa da tese da sede da empresa no Rio é acompanhada inclusive de parecer do professor e ex-juiz da Vara de Falências de São Paulo, Daniel Carnio.
A inicial explica detalhadamente os motivos que levaram à cautelar de proteção contra credores, lembrando que os aditivos assinados supostamente por Arruda elevaram para R$ 170 milhões os depósitos de margem de garantia aos contratos de proteção contra variação cambial e de juro nos US$ 1 bilhão de bonds emitidos pela empresa no exterior.
O não pagamento, segundo a empresa, provocaria o vencimento antecipado de uma dívida de US$ 35 milhões com o Deutsche e dos bonds, puxando outros vencimentos, como os das debêntures. Sobretudo, diz a Ambipar (AMBP3), a companhia se viu pressionada pela cobrança antecipada de um compromisso de US$ 120 milhões do Santander.