A Assembleia Geral de Credores (ACG) da Americanas (AMER3) aprovou nesta terça-feira (19) o plano de recuperação judicial apresentado pela companhia em 27 de novembro e costurado por vários meses com bancos, seus maiores credores. A AGC e a votação ocorreram digitalmente e o resultado foi conhecido seis horas depois o início do encontro.
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A homologação do plano deve acontecer a partir do dia 8 de janeiro, no retorno do recesso do Judiciário. Credores das classes 1 (trabalhadores) e 4 (micro e pequenas empresas) não tomaram parte da assembleia porque não serão afetados pelas deliberações. Os credores presentes eram classe 3 (quirografários, que não desfruta de privilégios) e o plano foi aprovado com adesão de 91,14% dos presentes (voto por cabeça) e por 97,19% dos créditos.
O trio de acionistas de referência da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira –, pode chegar a uma participação de 49,3% na rede de varejo após a capitalização de R$ 12 bilhões proposta no plano de recuperação judicial da empresa. Atualmente, o trio de acionistas tem fatia de 30,1%.
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Os demais credores da Americanas, incluindo os bancos, como Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11) e Santander (BCSA34), passarão a deter 48,2% da empresa, por conta da conversão da dívida em ações da varejista, em montante também de R$ 12 bilhões. Assim, o aumento de capital total será de R$ 24 bilhões, conforme apresentado na tarde da terça-feira pela diretora financeira da Americanas, Camille Faria, que leu um resumo do plano de recuperação judicial.
Dívida
A capitalização deve reduzir a dívida da Americanas a cerca de R$ 1,9 bilhão. No aporte, serão emitidas novas ações da companhia, cada uma a um preço de R$ 1,30, um prêmio de 44% em relação ao preço de fechamento de terça. O valor foi definido por meio de um cálculo que é parte do acordo fechado entre a empresa e os credores para que o plano de recuperação judicial fosse finalmente votado.
Os bancos credores pretendem vender suas ações à frente, a depender do desempenho dos papéis na Bolsa. No plano, há uma vedação (lock-up, no jargão do mercado) de três anos para qualquer venda. Com a aprovação do plano, os bancos podem dar baixa dos débitos da Americanas em seus balanços. A varejista também poderá começar o ano de 2024 com o balanço “limpo”.
A Americanas foi um dos maiores casos de fraude contábil do País, de cerca de R$ 25 bilhões, o que acabou levando a empresa a pedir recuperação judicial e um grande embate jurídico entre a empresa e bancos credores. Na AGC, vários credores apresentaram mais de 300 perguntas respondidas pela diretora financeira da rede.