Priscila Lino, diretora da Auren (AURE3), afirma que o setor elétrico brasileiro pode enfrentar grave crise financeira se o problema do curtailment não for resolvido; companhia critica MP 1.304 e alerta para aumento da inflexibilidade no sistema.
A diretora de Assuntos Regulatórios da Auren (AURE3), Priscila Lino, teceu críticas ao relatório da Medida Provisória 1.304, que prevê o acréscimo de usinas térmicas no sistema elétrico nacional. Segundo ela, o dispositivo amplia a crise provocada pelos cortes de geração renovável (curtailment) e torna o sistema ainda mais engessado.
“Estamos aumentando a inflexibilidade do sistema sem dar nenhuma solução de corte, o que é péssimo para todos os investidores que querem continuar apostando no País. A gente está com um grande problema”, afirmou Lino durante o evento Brazil Windpower, realizado nesta quarta-feira (29), em São Paulo.
A executiva alertou que, sem uma resposta regulatória adequada, o setor pode enfrentar uma “sangria financeira”, já que o problema do curtailment compromete a rentabilidade de projetos e desestimula novos investimentos.
Lino acrescentou que, embora soluções técnicas estejam em andamento, a questão regulatória é essencial para destravar o mercado. “Não nos eximimos de tomar os riscos que nos cabem, mas há uma desproporção exacerbada”, disse.
Ela também citou preocupações com as regras do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), marcado para 2026, destacando que os prazos de permanência ligados e desligados (T-on e T-off) propostos podem aumentar a complexidade do sistema sem resolver a raiz do problema.
A votação do parecer do senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a MP 1.304 está prevista para quinta-feira (30), em comissão especial.