A Auren Energia (AURE3) registrou lucro líquido de R$ 107,6 milhões no quarto trimestre de 2023, montante 95,6% inferior aos R$ 2,453 bilhões reportados no mesmo período do ano anterior, quando a empresa registrou um efeito contábil, no resultado líquido, de R$ 2,067 bilhões por causa do acordo judicial anunciado em dezembro daquele ano referente à indenização da Usina Hidrelétrica Três Irmãos.
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No acumulado de 2023, a geradora de energia registrou um prejuízo de R$ 317,7 milhões, também refletindo impactos do acordo judicial, uma vez que o pagamento dos impostos IR/CSLL, de R$ 912,4 milhões, e PIS/Cofins, de R$ 124,8 milhões, sobre o ganho com a indenização da hidrelétrica Três Irmãos, somente foi executado no ano passado.
“Se tivéssemos feito o acordo em outros meses, o imposto estaria casado no mesmo ano fiscal do acordo, mas como foi feito em dezembro, o imposto ficou em 2023. Então tivemos um lucro bastante extraordinário em 2022 e um prejuízo contábil em 2023, porque teve o valor de R$ 1,037 bilhão pago em impostos de Três Irmãos. Não fosse isso, teríamos um lucro de R$ 720 milhões”, disse o vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores da Auren, Mario Bertoncini.
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O Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 508,1 milhões no quarto trimestre, queda de 4,8% em relação ao mesmo período de 2022, também efeito de eventos extraordinários, destacou o executivo. Ele explica que, nos últimos meses de 2022, a Auren recebeu R$ 93 milhões referente a uma apólice de seguro por um sinistro ocorrido em anos anteriores em parques eólicos. “Se expurgamos este fator extraordinário, nosso Ebitda teria aumentado 15,3%”, diz.
No acumulado em 12 meses, o Ebitda ajustado alcançou R$ 1,793 bilhão, alta de 9,7% frente o exercício anterior. A receita líquida da Auren somou R$ 1,703 bilhão entre outubro e dezembro, alta de 14,7% na comparação anual, refletindo o aumento no volume de energia comercializada e a melhora do resultado das operações de trading, além da entrada em operação dos parques eólicos Ventos do Piauí II e III no fim de 2022. No consolidado do ano, a receita aumentou 7,4%, para R$ 6,18 bilhões.
O crescimento do faturamento da companhia refletiu o aumento dos despachos das usinas e a melhor movimentação da comercializadora.
Operacional
Nos últimos três meses do ano, em meio a ondas de calor que impulsionaram o consumo de eletricidade, a geração hidrelétrica da companhia aumentou 19,4%, atingindo 982,3 megawatts médios (MWmed), devido à priorização do despacho hidrelétrico por causa do cenário hidrológico favorável e do elevado nível dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional.
Já a geração das usinas eólicas aumentou 16,1% no trimestre, para 404,5 MWmed, devido à entrada em operação dos complexos Ventos do Piauí II e ao aumento de 5,8% no recurso eólico na comparação com igual etapa de 2022.
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A capacidade instalada operacional da Auren totalizou 3,087 gigawatts (GW) em dezembro passado, dos quais 2,057 megawatts (MW) são provenientes de empreendimentos hidrelétricos e outros 982 MW de eólicas. No quarto trimestre, houve a adição de 48 MW da fonte solar, com a entrada em operação do parque Sol do Piauí, em novembro de 2023.
Na atividade de comercialização, a companhia apresentou um volume de vendas próximo de 4,2 GW médios para o ano de 2023, quantidade mais de duas vezes superior à garantia física da companhia para o mesmo período. “Pela primeira vez, encerramos o ano – janeiro a dezembro de 2023, em primeiro lugar no ranking de maior comercializadora do País”, disse Bertoncini.
Dividendos
A Auren também divulgou que seu conselho de administração aprovou a distribuição e o pagamento de R$ 400 milhões em dividendos, correspondentes a R$ 0,40 por ação. No ano passado, a empresa já tinha distribuído R$ 3 bilhões em dividendos extraordinários por conta do acordo relativo à Usina Hidrelétrica Três Irmãos. O pagamento dos proventos aprovados agora será feito em 14 de março.