As ações da Azul (AZUL4) terminaram o dia em forte alta nesta terça-feira (8) na B3, após a companhia anunciar que conseguiu realizar acordos comerciais com arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) que representam aproximadamente 92% das obrigações de emissão de ações existentes. A notícia foi bem recebida pelo mercado, que aguardava com ansiedade o desenrolar das negociações da aérea com seus credores.
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Ao final do pregão, os papéis da empresa encerraram em alta de 7,48%, cotados a R$ 6,18, na mínima do dia. Após abrirem a R$ 6,60, os ativos chegaram a máxima a R$ 7. Em outubro, as ações acumulam desvalorização de 0,96%. No ano, o saldo também é negativo, com perdas de 61,40%.
Em comunicado ao mercado, a companhia explicou que os acordos representam uma parte significativa de um plano abrangente projetado para fortalecer a geração de caixa da Azul e melhorar a sua estrutura de capital no futuro.
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Os arrendadores e OEMs concordaram em eliminar sua participação pro-rata do saldo atual das obrigações de emissão de ações, totalizando aproximadamente R$ 3 bilhões. Em troca, receberão até 100 milhões de novas ações preferenciais da Azul em uma emissão única.
A conclusão do acordo ainda depende de alterações em outras obrigações, incluindo a obtenção de financiamento adicional. Também está sujeita à finalização da documentação vinculativa definitiva com os arrendadores e OEMs.
“As negociações continuam com os detentores dos 8% restantes das obrigações de emissão de ações, bem como com outras partes interessadas, e a Azul manterá o mercado atualizado sobre quaisquer desenvolvimentos adicionais”, finalizou a companhia aérea em comunicado.
A Genial Investimentos enxergou de forma positiva o anúncio. Na opinião da casa, a medida pode proporcionar alívio financeiro significativo à empresa. “No entanto, a diluição de até 100 milhões de ações pode ter impacto nos acionistas atuais, ainda que seja um movimento positivo a longo prazo para a sustentabilidade da empresa. O preço de emissão acordado foi de R$ 30,00 por ação, ajustado a partir de um acordo anterior de R$ 36,00, o que implica uma diluição de aproximadamente 22% para os acionistas”, afirma a casa em relatório.
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O Goldman Sachs também viu com “bons olhos” o acordo. Para os analistas Bruno Amorim e João Frizo, a saída encontrada remove um overhang (pressão de baixa) sobre as ações da Azul.
Em relatório conjunto, a Ágora Investimentos e o Bradesco BBI afirmam que as negociações anunciadas nesta terça-feira podem facilitar o acordo da Azul com os demais credores. “Os próximos passos para a gestão de passivos da aérea incluem a captação de capital adicional e possivelmente o alongamento dos vencimentos dos títulos. Com base no preço atual das ações, a simples conversão de R$ 3 bilhões de passivos de arrendamento a R$ 30,00 por ação poderia impulsionar o preço atual dos papéis a R$ 11,16”, afirmam.
O que aconteceu com a Azul (AZUL4) nos últimos meses?
A Azul vive momentos intensos na Bolsa brasileira em 2024. No final de agosto, surgiram rumores de que a empresa poderia entrar com pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos, um mecanismo utilizado por empresas em dificuldade, parecido com o processo de recuperação judicial no Brasil.
A informação, no entanto, foi posteriormente negada pela companhia aérea, que reconheceu, porém, estar em negociações ativas com seus principais stakeholders (partes interessadas em um negócio) para otimizar a estrutura de capital acordada no plano de otimização do ano passado.
A empresa também chegou a ser rebaixada pela agência de classificação de risco Moody’s, de Caa1 para Caa2, uma avaliação utilizada para companhias com alto risco de crédito. Mostramos os detalhes aqui.
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No fim de setembro, uma notícia divulgada pelo Exame Insight sinalizou que a empresa teria chegado a um acordo com 90% dos arrendadores de aeronaves. A expectativa de pessoas próximas às negociações seria de que a operação para trazer recursos extras para empresa acontecesse até o final de outubro, contrariando as expectativas do mercado de que uma oferta privada ocorresse só entre abril e maio de 2025.
Em resposta a um pedido de esclarecimento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa reforçou no dia 27 de setembro que, em linhas gerais, e conforme já informado pela companhia por meio de suas últimas publicações, os stakeholders estavam se mostrado favoráveis às discussões referentes aos planos para otimização da estrutura de capital, fazendo com que as negociações continuem avançando.
Nesta terça-feira, veio finalmente o anúncio que o mercado aguardava: a confirmação do acordo da Azul com arrendadores e fabricantes de equipamentos originais.