

A oferta subsequente de ações da Azul (AZUL4) anunciada na segunda-feira (14) pode chegar a R$ 4,1 bilhões, dependendo do apetite dos investidores. Nesse nível, será a maior no Brasil em quase dois anos, desde que a oferta da Localiza (RENT3) movimentou R$ 4,5 bilhões em junho de 2023, e também descontando as operações de privatização de Sabesp (SBSP3) e Copel (CPLE6).
A empresa já realizou rodadas de conversas com investidores no exterior, incluindo em locais como Nova York e Boston, segundo fontes. De acordo com interlocutores, por causa do avanço do processo de reestruturação da dívida, que está chegado ao final com a oferta de ações da Azul, tem havido interesse de fundos e gestoras nos papéis da companhia, incluindo de carteiras dedicadas a aviação e infraestrutura, além de fundos de hedge (proteção para tentar diminuir os efeitos da volatilidade do mercado financeiro sobre seus ativos).
Nas conversas com investidores, segundo fontes, a Azul tentou mostrar o momento de virada de chave da empresa, com o final da reestruturação da dívida. No começo do ano, a empresa aérea se beneficiou da queda do dólar e do preço do combustível de aviação e ainda tem pela frente a possibilidade da fusão com a Gol (GOLL4), que também está chegando perto de terminar sua reestruturação; e pode ainda ocupar o espaço que a Voepass, há um mês com operações suspensas, vem perdendo.
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Nos últimos dias, porém, o mercado financeiro piorou muito, especialmente nos Estados Unidos, por causa da volatilidade causada pelas tarifas do presidente Donald Trump. Se o clima continuar adverso como o dos últimos dias, segundo fontes, a Azul pode fazer só a oferta base, necessária para a troca de dívida externa por participação acionária na companhia área.
O que chama atenção na oferta de ações da Azul
A oferta da Azul terá uma novidade, como incentivo para a compra de papéis. O investidor que comprar a ação, que vai sair a R$ 3,58, vai ganhar um bônus de subscrição para cada papel. Ele dá direito a uma nova ação da Azul e pode ser exercido entre 15 de novembro e 15 de dezembro de 2026, neste mesmo preço. A cotação representa um prêmio de 17% em relação ao fechamento da ação na última sexta-feira.
A oferta terá duas partes, ambas 100% primárias, ou seja, com emissão de novas ações, passo para a conversão da dívida em dólar da companhia aérea em participação acionária. Nesta fase, estão sendo convertidos títulos de dívida (bonds) com vencimentos entre 2029 e 2030.
Pelo cronograma da reestruturação, a conversão precisa estar concluída até o dia 30 deste mês. Por isso, a data final para o período de subscrição prioritária é o dia 22, com o início das negociações das ações e dos bônus de subscrição na B3 em 25 de abril. A definição da alocação ocorre no dia 23.
Para a conversão, na oferta base serão emitidas 450,5 milhões de ações preferenciais (PN) e esta oferta vai exclusivamente aos detentores dos bonds, o equivalente a R$ 1,6 bilhão. Há ainda chance de colocação de um lote extra, de mais 697,9 milhões de ações PN, somando R$ 2,5 bilhões, a depender da demanda dos investidores.
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Com isso, a oferta total chega a R$ 4,1 bilhões, o que pode ajudar a melhorar o volume captado com ações em 2025, que até agora só teve a oferta da Caixa Seguridade, que movimentou R$ 1,2 bilhão. Executivos do Bradesco BBI preveem que o volume de ofertas de ações este ano chegue a algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, concentrados no segundo semestre, quando ficar mais claro um cenário que indique que os juros vão voltar a cair no Brasil.
A oferta da Azul (AZUL4) é coordenada por UBS BB (líder), BTG Pactual e Citi.