B3, a bolsa de valores brasileira. (Foto: Adobe Stock)
Após o forte estresse causado pelas tarifas comerciais de Donald Trump, anunciadas no que ele chamou de “Liberation Day”, no dia 2 de abril, o investidor estrangeiro voltou para a B3, e para os emergentes em geral. A bolsa brasileira registrou 18 dias seguidos de entrada de fluxo externo, o que não acontecia desde as semanas entre novembro e dezembro de 2023. Desde 17 de abril, mais de R$ 20 bilhões entraram na B3 de estrangeiros.
Ao mesmo tempo, o investir local está mais arredio e segue retirando dinheiro de fundos de mais risco, influenciado pelos juros altos. Usando dados da Anbima, o JP ressalta que os saques nos fundos de ações continuam – R$ 9 bilhões em abril, levando o acumulado do ano para R$ 35 bilhões em retiradas. E os multimercados estão perdendo R$ 23 bilhões, uma tendência que já vem dos últimos dois anos.
A alocação em ações dos fundos permanece em 7,5%, o menor nível histórico, ressalta o JP. O nível também está abaixo da média histórica, na casa dos 11,5%. Por isso, o banco calcula que se houver alguma reversão na alocação dos fundos na B3, haveria um influxo de R$ 47 bilhões para a bolsa.
Já sobre os fluxos de estrangeiros na B3, o JP calcula que desde 2020 só teve seis períodos de aportes seguidos que duraram 18 dias ou mais, isso incluindo no cálculo dias não consecutivos de saídas. O maior até agora foi em janeiro de 2021, com 55 dias, incluindo aqui dois dias negativos.
Nos pregões seguidos ao “Liberation Day”, R$ 10 bilhões deixaram a B3, mas esse fluxo foi rapidamente revertido até o final de abril e mais R$ 10 bilhões entrando no começo deste mês.
Fluxos continuam
Para o JP, os fluxos podem continuar um pouco mais, mas a recente trégua comercial acertada entre Estados Unidos e China abre espaço para a Ásia atrair mais capital externo que a América Latina.
Nesse ambiente, JP elevou ontem a recomendação dos emergentes para “overweight”, ou seja, desempenho acima da média do mercado. A região registrou a quarta semana seguida de fluxos externos, embora ainda no acumulado do ano esteja com fuga de US$ 15 bilhões. O fluxo para emergentes ainda tem sido muito concentrado em fundos de índice (ETF, na sigla em inglês), destaca o JP.