Banco do Brasil (BBAS3) decepciona no 2º trimestre de 2025 com queda de 60% no lucro e sinaliza corte na distribuição de dividendos.Banco do Brasil (BBAS3) decepciona no 2º trimestre de 2025 com queda de 60% no lucro e sinaliza corte na distribuição de dividendos. (Foto: Adobe Stock)
O balanço do segundo trimestre de 2025 do Banco do Brasil (BBAS3) acendeu um sinal de alerta para analistas e investidores. A forte queda de 60% no lucro líquido ajustado, para R$ 3,784 bilhões, frustrou até mesmo as expectativas mais pessimistas, reacendendo dúvidas sobre a saúde financeira da instituição. O impacto das provisões para devedores duvidosos (PDD) e o aumento da inadimplência nas carteiras de crédito ao agronegócio e de pequenas e médias empresas (PMEs) colocaram pressão sobre os resultados e sobre as projeções futuras do banco.
Segundo Leandro Martins, especialista em Renda Variável da Me Poupe!, plataforma de investimentos da acionista Nathalia Arcuri, o que se vê não é apenas um tropeço pontual, mas um ajuste mais profundo.
“A redução do lucro acima de 60% reflete um ciclo mais pesado de provisões – principalmente no crédito agrícola e em pequenas/médias empresas, que foram muito afetados pelo aperto de juros e problemas climáticos. Ou seja, não é só ‘um trimestre ruim’, é um ajuste estrutural que deve se estender por alguns períodos”, avalia.
Esse movimento, na visão do especialista, indica que o ciclo de expansão com lucros recordes ficou para trás.
É um movimento conservador onde o banco está dizendo: ‘preciso reforçar meu colchão de capital porque a inadimplência está pressionando’. Para quem investe em BBAS3 pela renda de dividendos, o recado é claro: não dá para esperar a mesma generosidade do passado no curto prazo.
O anúncio de redução do payout para 30% em 2025 reforça essa leitura, ao priorizar a proteção do balanço em detrimento da distribuição mais robusta de dividendos.
Ainda que o cenário seja desafiador, Martins pondera que a inadimplência não tende a ser um problema ‘inadministrável’. Ele aponta que o Banco do Brasil deve contar com renegociações e programas de crédito rural subsidiados pelo governo para aliviar a pressão.
“O risco existe especialmente nas PMEs, mas o banco tem musculatura de capital para absorver choques, ainda que o lucro continue pressionado”, afirma.
O especialista também chama atenção para a diferença entre o Banco do Brasil e os grandes bancos privados. Segundo ele, instituições privadas mantêm margens mais estáveis porque têm menor exposição a segmentos subsidiados e maior disciplina na concessão de crédito.
Nesse sentido, Martins alerta que:
Quem busca segurança e consistência talvez deva repensar BBAS3, não necessariamente vender tudo agora, mas calibrar expectativas e entender que, neste momento, o custo de oportunidade favorece os privados.
Apesar da turbulência, o BB não perde sua relevância. Martins lembra que se trata de uma instituição sólida, com forte base de clientes e respaldo estatal, fatores que conferem resiliência em momentos de crise.
No entanto, a perspectiva de curto e médio prazo é de menor rentabilidade e queda na distribuição de dividendos. “Para quem busca oportunidade de longo prazo, pode haver uma janela de entrada a preços descontados, mas isso exige estômago para atravessar a fase de maior volatilidade. Para quem é mais conservador, há alternativas mais equilibradas no setor”, avalia.
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Sobre as expectativas para o próximo balanço, Martins é cauteloso: “O mais provável é mais turbulência, com provisões ainda elevadas e inadimplência pressionando, e dificilmente veremos recuperação robusta já no 3º tri”.
Assim, a leitura da Me Poupe! é clara: o Banco do Brasil continua sólido, mas o investidor deve ajustar suas expectativas. No 3º trimestre, o cenário deve seguir de pressão sobre resultados, com dividendos mais modestos e maior volatilidade para quem permanecer posicionado em BBAS3.