Ações do Banco do Brasil (BBAS3) tombam na Bolsa brasileira nesta quarta-feira (16). Foto: Adobe Stock
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) chegaram a tombar na Bolsa brasileira nesta quarta-feira (16), entre as principais perdas do Ibovespa. Às 13h17, os papéis recuavam 3,11% cotados a R$ 20,25. Na mínima da sessão, atingiram o patamar de R$ 20,17, o nível mais baixo desde setembro de 2023, segundo dados do Broadcast. Os papéis se recuperaram ao longo do pregão e fecharam em queda de 0,24%, a R$ 20,85.
Em relatório divulgado a clientes no domingo (13), analistas do Safra sinalizaram que o BB terá o pior resultado entre os quatro maiores bancos no segundo trimestre de 2025. O banco estatal, segundo as projeções da equipe, deve apresentar lucro líquido de R$ 4,64 bilhões no ciclo de abril a junho deste ano, uma queda de 51,1% na comparação com o mesmo período de 2024. Veja os detalhes nesta matéria.
Os especialistas apontam, no entanto, que o setor de agronegócio não será o grande vilão para os números do Banco do Brasil. Para o Safra, surgirá uma nova pedra no caminho da empresa. “Projetamos mais um trimestre fraco para o BB. Embora a atenção do mercado esteja atualmente voltada para o segmento rural — para o qual ainda não esperamos nenhuma melhora —, acreditamos que a queda no segundo trimestre possa vir da carteira de crédito corporativo, especialmente de pequenas e médias empresas”, dizem os analistas Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre.
A equipe do Safra espera a rentabilidade do BB, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), em 10,3% no segundo trimestre de 2025, queda de 11,3 pontos percentuais na comparação com o ROE de 21,6% do segundo trimestre de 2024. O banco estima que essa piora na rentabilidade e a queda no lucro vão ocorrer devido à alta na inadimplência acima de 90 dias, que deve subir 1,45 ponto porcentual, para 4,45%.
A recomendação do Safra para o Banco do Brasil é neutra, com preço-alvo de R$ 25 para o fim de 2025.
Mercado corta projeções para dividendos do BB
Diferentes casas do mercado têm cortado as projeções para os dividendos do BB. O Goldman Sachs espera que a empresa apresente um payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de proventos) de 30%, abaixo da orientação da administração, que é de 40% a 45%. A estimativa considera a menor lucratividade da companhia e um índice de capital principal (CET1) tido como adequado, porém modesto, de 11,0%, o que pode levar a gestão e o conselho a priorizar a preservação de capital, em vez da distribuição de dividendos, para apoiar o crescimento futuro.
Outra casa que cortou a projeção de payout para o Banco do Brasil foi o JPMorgan. Assim como o Goldman, o banco espera que o BB distribua 30% do lucro em dividendos. A avaliação é de que o segundo trimestre será crucial para a empresa apresentar uma nova orientação para 2025 e para o mercado ter uma visão mais clara sobre a real dimensão da inadimplência no agronegócio – um dos fatores que mais pesou no último balanço da companhia.
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Quem também ficou mais pessimista com os dividendos do Banco do Brasil foi o Itaú BBA, que passou a trabalhar com um payout de 30%. A casa espera que os próximos trimestres sejam ainda mais desafiadores que o primeiro para a empresa estatal devido aos ciclos naturais de pagamento e atraso do crédito, não projetando melhorias significativas em 2025.
Na leva de “bancões” que mexeram nas estimativas para o BB, esteve ainda o Santander, que rebaixou a recomendação de compra para “manutenção” (equivalente a neutro), com um preço-alvo de R$ 26 para 2025, contra R$ 45 anteriormente. Os analistas do banco dizem ter dúvidas sobre o payout de 40% pelo banco. “Não estamos recomendando o Banco do Brasil para estratégias de dividendos”, apontam.