(Vinicius Neder, Estadão Conteúdo) – Os Barômetros Globais Coincidente e Antecedente da Economia recuaram em agosto ante julho, informou há pouco a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Barômetro Global Coincidente caiu 3,5 pontos em agosto, para 88,9 pontos, no sétimo mês seguido de queda – no período, o recuo acumulado foi de 22,3 pontos. O Barômetro Global Antecedente recuou 3,4 pontos, para 82,5 pontos, o menor nível desde junho de 2020, quando ficou em 60,7 pontos.
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Segundo a FGV, “os resultados refletem uma perspectiva pessimista para o crescimento econômico global também nos próximos meses”. Níveis mais baixos do que os atualmente registrados nos barômetros globais só foram atingidos nas duas recessões globais do século XXI, entre 2008 e 2009, por causa da crise financeira iniciada nos Estados Unidos, e em 2020, por causa da pandemia de covid-19.
No Barômetro Coincidente Global, que procura acompanhar o ritmo da atividade econômica, todas as regiões pesquisadas contribuíram para a queda. A maior contribuição negativa veio da região da Ásia, Pacífico e África, com -2,5 pontos. A Europa contribuiu com -0,9 ponto. A região do Hemisfério Ocidental contribui com -0,1 ponto.
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“A queda no indicador global é causada em parte pelas restrições de fornecimento relacionadas à guerra no Leste Europeu e à desaceleração econômica na Ásia, continente que tinha dado sinais de recuperação nos dois meses anteriores, após o alívio nas restrições de mobilidade adotadas na China como medida auxiliar no combate a um surto de covid-19. A nova queda dos indicadores coincidentes da região sugere que a aparente retomada pode ter sido um efeito temporário”, diz o relatório divulgado pela FGV.
No desagregado por setores, o Barômetro Coincidente Global também teve queda generalizada em agosto. “O destaque negativo do mês é o setor da Construção, com queda de 4,0 pontos e com o menor patamar entre todos os setores (71,5 pontos). Com o resultado, todos os indicadores se afastam ainda mais da média histórica de 100 pontos, sendo o setor da Construção o mais distante (28,5 pts.) e o da Indústria, o menos distante (9,5 pts.)”, diz o relatório da FGV.
No Barômetro Antecedente Global, que mede as perspectivas de crescimento econômico nos próximos de três a seis meses, a queda de agosto também foi disseminada entre as regiões pesquisadas. A região da Ásia, Pacífico e África foi a que mais contribuiu para a queda, com -1,9 ponto. A Europa também contribuiu de forma negativa, pelo terceiro mês consecutivo, com -1,4 ponto. Já o indicador antecedente do Hemisfério Ocidental ficou estável em agosto, após três meses de quedas.
“As expectativas de crescimento global em 2022 vêm piorando em decorrência, dentre outros fatores, da continuidade da guerra entre Ucrânia e Rússia e da adoção de políticas monetárias mais restritivas em diversos países. Tais fatores têm contribuído para manter o indicador global em região desfavorável”, diz o relatório da FGV.
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No desagregado por setores, quatro dos cinco indicadores antecedentes setoriais registraram queda em agosto. Apenas o indicador do Comércio subiu, depois de três quedas consecutivas. Todos os indicadores giram abaixo e distantes da média histórica de 100 pontos, com destaque negativo para a Construção, que está 24,4 pontos abaixo do nível neutro, informou a FGV. No extremo oposto, o Comércio é o setor menos distante (13,6 pontos). Calculados em parceria com o Instituto Econômico Suíço KOF da ETH Zurique, e divulgados no Brasil pela Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, os dois indicadores são formados a partir dos resultados de pesquisas de tendências econômicas realizadas em mais de 50 países.
O objetivo é alcançar a cobertura global mais ampla possível. O Barômetro Coincidente inclui cerca de mil séries temporais diferentes, enquanto o Barômetro Antecedente compreende em torno de 600 séries temporais.