A manutenção do modelo de precificação de energia mais avesso ao risco, como sinalizado em consulta pública aberta nesta terça-feira (3) pelo Ministério de Minas e Energia (MME), seria um desenvolvimento positivo para companhias elétricas com grandes volumes de energia descontratada, como a Eletrobras (ELET3) e a Copel (CPLE6), avaliou o time de análise do Itaú BBA, em relatório divulgado nesta terça-feira (3).
Conforme informou mais cedo o Broadcast Energia, o MME abriu hoje uma consulta para discutir com a sociedade os parâmetros de aversão ao risco (Valor Condicional em Risco – CVaR, na sigla em inglês) a serem adotados nos modelos computacionais do setor elétrico no ano que vem. A proposta é de manutenção dos atuais parâmetros, em vigor desde janeiro deste ano e que tornaram os preços da energia mais sensíveis a cenários hidrológicos adversos, pressionando os preços em caso de frustração de chuvas como o que ocorre desde meados de fevereiro.
Para os analistas do Itaú BBA Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, a probabilidade de que essa proposta seja aprovada é alta. Eles lembram que qualquer ajuste nos parâmetros devem ser decididos até 31 de junho para entrarem em vigor em 2026, tendo em vista as regras de previsibilidade previstas no setor elétrico.
A rediscussão dos parâmetros de aversão – conforme a proposta apresentada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e colocada agora em consulta pública – ocorre em meio a críticas de parte dos agentes do setor elétrico com as mudanças realizadas em janeiro.
Na visão de alguns participantes do mercado, a incorporação de um CVaR mais avesso a risco, em conjunto com uma nova versão do modelo computacional (Newave Híbrido), com maior detalhamento de dados de entrada, resultou em um aumento dos preços da energia de curto prazo, com acionamento antecipado de geração termelétrica, sem que isso tenha resultado em melhora significativa nos níveis dos reservatórios.
Em relatório, os analistas do Itaú BBA destacam que, nas notas técnicas que apoiam a proposta, ONS e CCEE reiteram que o atual parâmetro de CVaR (15,40) é “o mais adequado”, pois equilibraria a aderência aos critérios de segurança energética definidos pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) enquanto otimizaria os custos dos despachos termelétrico.
Eles também salientam que o ONS e a CCEE recomendaram um novo volume operacional mínimo para os reservatórios da Região Norte em 28%, acima dos atuais 19,1%.