A BlackRock, uma das maiores gestoras de fundos do mundo, tem mudado a sua visão sobre as criptomoedas. Segundo reportagem do Wall Street Journal, o diretor executivo da empresa, Larry Fink, que chamava o bitcoin de “um índice de lavagem de dinheiro” em 2017, hoje diz ser um “grande crente” da cripto.
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A aceitação da BlackRock em relação ao bitcoin se deu de forma gradual. Tudo começou na pandemia, quando Rick Rieder, diretor de investimentos de renda fixa global da empresa, começou a experimentar futuros de bitcoin em seus fundos. Segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo WST, o chefe de ativos digitais da BlackRock, Robbie Mitchnick, foi outro que ajudou a converter a visão da gestora.
Em uma conferência realizada em abril de 2022, Fink, diretor executivo da empresa, disse que a BlackRock estava estudando o setor de criptomoedas de forma ampla e vendo um aumento do interesse dos clientes. No mesmo mês, a gestora investiu na rodada de financiamento de US$ 400 milhões da Circle, empresa por trás da USDC – cripto lastreada em dólar.
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Meses depois, a BlackRock lançou um fundo privado de bitcoin voltado para clientes institucionais. Ainda naquele ano, a gestora também anunciou uma parceria com a exchange de criptomoedas Coinbase. A iniciativa liberava o acesso da Aladdin, plataforma de gerenciamento de investimentos da gestora, para os clientes da corretora cripto.
O ponto alto que demonstrou a mudança de visão da BlackRock em relação às criptomoedas ocorreu em junho de 2023. Na data, a empresa solicitou autorização à Securities and Exchange Commission (SEC) – a Comissão de Valores Mobiliários (CVM dos Estados Unidos – para ofertar um fundo de índice (ETF) de bitcoin.
O pedido foi aceito pela SEC em janeiro de 2024. Na ocasião, o órgão regulador aprovou solicitações de outras dez gestoras, incluindo o requerimento do fundo Grayscale Bitcoin Trust, da Grayscale, empresa americana de gerenciamento de ativos em moeda digital.
Para desenvolver sua estratégia em criptoativos, a BlackRock diz ter estudado a indústria do setor por anos. Conforme fontes a par do assunto ouvidas pela reportagem do Wall Street Journal, a recuperação do bitcoin após o colapso das criptomoedas em 2022 – ano marcado pela falência da exchange FTX – deu à gestora convicção para apostar nessa modalidade de investimento.
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A visão adotada atualmente pela BlackRock é oposta a da gestora Vanguard, uma de suas maiores rivais. Fundada pelo investidor Jack Bogle, a Vanguard disse, em seu blog, não ter planos de criar um ETF de bitcoin à vista.
”Embora a discussão sobre bitcoin e criptomoedas, em geral, tenha aumentado recentemente, não acreditamos atualmente que exista um papel apropriado para eles desempenharem em carteiras de longo prazo”, afirmou Janel Jackson, chefe global de mercados de capitais de ETF da gestora, na postagem.
A BlackRock, por outro lado, procura estender sua atuação no setor cripto para além do bitcoin. A empresa tem um pedido pendente na SEC para lançar um ETF de ethereum. Na última semana, o órgão regulador adiou mais uma vez a decisão de aprovar ou rejeitar o fundo, mas deve emitir um parecer final até maio, quando acaba o prazo limite para a deliberação.