A BlackRock, gestora com cerca de US$ 9 trilhões em ativos mundialmente, continua sentindo os efeitos da alta da Selic e aversão por risco no Brasil. Neste ano, o total sob custódia de Brazilian Depositary Receipts (BDRs, título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) lastreados em fundos de índices (ETFs, na sigla em inglês) da empresa ficou em R$ 2,25 bilhões. Em novembro de 2022, o total estava em R$ 2,7 bilhões, sendo que chegou a bater R$ 5,5 bilhões no final de 2021.
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“[O total sob custódia] ficou estável. Os BDRs de ETFs são focados no investidor de varejo e, secundariamente, no segmento institucional, com os fundos de pensão. E esse público, no momento atual, tem pouca demanda para investimento no exterior”, afirmou Karina Saade, presidente da BlackRock Brasil, durante conversa com jornalistas hoje, em São Paulo.
A executiva avalia que há menos apetite por risco, seja local ou internacional, por conta da taxa básica de juros seguir em patamares elevados – agora a 11,75% ao ano, conforme decisão de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Com a Selic ainda muito alta, esse público tem pouca demanda por risco e está optando por posição menos arriscada, pois está sendo bem remunerado por isso”, diz Saade.
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Por outro lado, Saade observa o investidor de varejo “experimentando”, com aprendizado de conceitos e abertura de conta em plataformas que permitem o investimento no exterior, mesmo que com baixo montante de fato investido. Ela acredita que, assim que a Selic cair mais, haverá uma rotação de carteiras para segmentos mais arriscados, começando com crédito privado, depois renda variável e então ativos internacionais. “O importante é não deixar de conversar com o investidor sobre isso, pois em algum momento ele vai alocar de forma mais significativa”, afirma.
Atualmente a BlackRock Brasil possui 140 BDRs de ETFs listados, sendo 9 do segmento de “megaforças” – conceitos de investimentos que não são cíclicos, mas tendências estruturais que a gestora avalia que devem persistir no longo prazo, como inteligência artificial, infraestrutura e urbanização.