Bank of America reduziu o preço-alvo da MBRF Global Foods (ex-Marfrig + BRF) para R$ 26 e manteve recomendação neutra. (Imagem: Adobe Stock)
O Bank of America (BofA) reiterou recomendação neutra para a MBRF Global Foods (MBRF3), nova companhia resultante da fusão entre Marfrig e BRF. O banco ajustou o preço-alvo para R$ 26, levemente abaixo dos R$ 26,50 atribuídos à Marfrig antes da transação.
Segundo o relatório, a empresa nasce como “um dos principais players globais de proteína diversificada”, com potencial de gerar sinergias estimadas em R$ 10 bilhões, de acordo com a gestão. O BofA ressalta que a combinação “expande a presença, reduz a volatilidade das margens e pode até destravar valor com uma listagem nos EUA“.
Apesar do otimismo com o posicionamento estratégico, os analistas chamam a atenção para o nível de endividamento. O BofA calcula que a MBRF deve registrar dívida líquida de R$ 48,6 bilhões em 2025 e R$ 47,6 bilhões em 2026, com relação dívida líquida/Ebitda de 3,7 vezes e 3,6x, respectivamente. “Esperamos que a alavancagem só fique abaixo de 3 vezes em 2028″, destacam.
A pressão vem, em parte, das operações de carne bovina nos EUA, que representaram 46% das vendas em 2024-25, além de pagamentos de dividendos e recompras que somaram R$ 14,2 bilhões desde 2021 e da aquisição da participação na BRF (BRFS3), que custou R$ 15 bilhões.
Do lado operacional, o BofA avalia que os fundamentos para o frango seguem sólidos, sustentados por demanda global forte e custos menores de grãos, mas prevê queda de 140 pontos-base nas margens em 2026, com normalização da oferta. Já no bovino, os analistas projetam margens pressionadas nos EUA em 2025, com leve melhora no ano seguinte. No Brasil, o ciclo do gado deve entrar em inflexão em 2026-27, o que pode reduzir a margem Ebitda em 40 pontos-base no próximo ano, para 10,3%.
“O momento para 2026 parece desafiador em relação a 2025”, conclui o relatório, acrescentando que a ação da MBRF (MBRF3) ainda negocia com prêmio em relação à JBS (JBSS32), algo que o banco considera “injustificado dado o nível de alavancagem”.