Braskem (BRKM5) recua com prejuízo no 2T25 e setor químico pressionado; ações caem mais de 3%
Papéis da Braskem caem após divulgação de resultados fracos no 2º trimestre; empresa reduziu prejuízo, mas setor enfrenta alta ociosidade e queda nos preços globais
As ações preferenciais da Braskem (BRKM5) recuavam 2,35% na tarde desta quinta-feira (7), cotadas a R$ 8,32 às 14h53, pressionadas pela divulgação de resultados fracos no segundo trimestre de 2025. Apesar de o prejuízo líquido de R$ 267 milhões representar uma redução de 93% frente ao mesmo período de 2024, o desempenho decepcionou o mercado e expôs a fragilidade do setor petroquímico em meio a um ambiente global adverso.
Segundo a própria companhia, o resultado foi impactado por uma queda de 4 pontos percentuais na margem bruta em relação ao trimestre anterior, além de um recuo de cerca de R$ 700 milhões no resultado financeiro, refletindo perdas menores com derivativos e variações cambiais líquidas.
O EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) recorrente foi de R$ 427 milhões, uma queda expressiva de 74% na comparação anual e de 67% frente ao 1T25.
A receita líquida somou R$ 17,857 bilhões, com retração de 6% em relação ao segundo trimestre de 2024, ficando 8,4% abaixo do previsto por analistas consultados pelo Prévias Broadcast.
O prejuízo, apesar de 69% menor que o consenso, também frustrou as projeções.
O que diz a empresa?
A própria Braskem (BRKM5) reconheceu que o segundo trimestre foi desafiador, citando que o cenário de demanda global foi afetado pelas tensões comerciais entre EUA e China e pelas incertezas tarifárias.
Isso provocou queda nas referências internacionais de preço de 10% a 12% para PE (polietileno), e de até 7% para PVC, PP e Químicos, utilizados como base nos segmentos da empresa.
O Custo dos Produtos Vendidos (CPV) foi de R$ 17,495 bilhões, leve queda de 1% na comparação anual, mas ainda pressionado pelos altos custos de insumos comprados anteriormente.
A geração de caixa operacional foi negativa em R$ 175 milhões, embora tenha representado uma redução no consumo em relação ao trimestre anterior, devido a esforços de otimização dos estoques.
A dívida líquida da Braskem (BRKM5) atingiu US$ 6,8 bilhões, com alta de 22% sobre o segundo trimestre de 2024. O endividamento total da empresa soma US$ 8,5 bilhões, sendo 91% atrelado a moedas estrangeiras. Apesar disso, a empresa afirma que sua posição de caixa – US$ 1,7 bilhão (R$ 10 bilhões) – é suficiente para cobrir os vencimentos de dívida pelos próximos 30 meses.
O fluxo de caixa recorrente negativo de US$ 256 milhões elevou a alavancagem, levando a relação dívida líquida/Ebitda para 10,6 vezes.
Setorialmente, o ambiente segue pressionado
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o nível de ociosidade da indústria química brasileira atingiu 38% no primeiro trimestre, o maior patamar em 30 anos.
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O CEO da Braskem, Roberto Ramos, comentou:
O segundo trimestre foi muito desafiador. A indústria química é estratégica para a economia, mas opera com o maior nível de ociosidade da história.
Ele afirmou ainda que a empresa tem adotado iniciativas táticas para mitigar os impactos do setor e melhorar a competitividade. Uma das estratégias é a redução da produção em ativos com desempenho abaixo do esperado, priorizando operações mais eficientes.
Em relação às exportações, Ramos destacou que apenas 0,7% da receita no primeiro semestre veio dos EUA, onde houve isenção da tarifa de 50% para os principais produtos exportados.
O restante está sendo redirecionado para outros mercados.
Braskem busca ampliar a companhia
Outro ponto de destaque foi o plano de reestruturação da divisão de produtos verdes, com a criação da Braskem Green S.A. A companhia busca um sócio financeiro para adquirir de 20% a 25% da nova empresa, que será separada, mas ainda controlada pela Braskem.
“Esperamos concluir a seleção do sócio até dezembro”, afirmou Ramos.
A ideia é captar recursos para viabilizar novos projetos de expansão, como o da Tailândia e, futuramente, da Bahia.
Estamos buscando um fundo de gestão de ativos com perfil de investimento de 7 a 10 anos. Não queremos um sócio industrial, mas sim um parceiro financeiro.
Mesmo com todos os esforços, o mercado reagiu negativamente ao balanço. Após leilão na abertura, os papéis BRKM5 chegaram a cair 3,99%, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, que operava em alta de 0,95%.