Os contratos futuros do café arábica marcaram um máxima de mais de dez anos na bolsa ICE nesta quarta-feira, com o mercado monitorando a redução de estoques certificados, enquanto sente os efeitos de problemas climáticos para a oferta do Brasil, maior produtor e expotador global.
O contrato maio do arábica operava a cerca 3,7%, ou 9 centavos, a 2,585 dólares por libra-peso, por volta das 14h30 (horário de Brasília).
Os operadores disseram que há pouco comércio acontecendo no Brasil, com torrefadores de arábica comprando apenas dentro da necessidade em meio à alta dos preços.
Os estoques de arábica certificados da ICE caíram para 1,06 milhão de sacas, o menor nível em 20 anos, na terça-feira, uma queda acentuada em relação aos 1,54 milhão de sacas vistos no final de 2021.
A redução ocorre em meio a uma menor disponibilidade do produto do Brasil, após um ano de baixa no ciclo do arábica e efeitos climáticos, como seca e geadas em 2021.
“Os atuais níveis de preço refletem a entressafra de um ciclo produtivo menor no Brasil, os impactos das adversidades climáticas, como as estiagens e elevadas temperaturas, que comprometeram a capacidade de 2021/22 e das temporadas cafeeiras futuras”, disse o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos.
“Além disso, tivemos a ocorrência das geadas no ano passado, as quais afetaram o rendimento da safra 2022/23”, comentou ele à Reuters.
Segundo o diretor-geral do Cecafé, esse cenário, aliado aos gargalos logísticos, “limitou e limita a capacidade dos operadores locais e internacionais para recompor os estoques globais, o que tem gerado impulso nas cotações”.