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- A iniciativa, que se seguiu a meses de discussões com bolsas de valores, bancos de investimentos e empresas de advocacia, tinha o objetivo de tornar o mercado de ações tipo A da China mais atraente a companhias europeias
A China está tentando reavivar um elo há muito dormente com o mercado acionário da Europa, após anos de tentativas infrutíferas de atrair empresas de lá para listar ações em território chinês. O problema é que nenhuma companhia europeia se sente à vontade com a ideia.
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Em 10 de fevereiro, o regulador de ações chinesas anunciou a expansão de uma aliança de quase três anos entre as bolsas de Xangai e de Londres para incluir os mercados alemão, suíço e de Shenzhen. Também fez alterações regulatórias que permitem a empresas europeias vender novas ações e levantar recursos na China continental, além de simplificar exigências de divulgação de desempenho financeiro.
A iniciativa, que se seguiu a meses de discussões com bolsas de valores, bancos de investimentos e empresas de advocacia, tinha o objetivo de tornar o mercado de ações tipo A da China mais atraente a companhias europeias, segundo fontes com conhecimento do assunto.
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As mudanças, porém, vieram num momento inoportuno. A invasão da Ucrânia pela Rússia – que ocorreu duas semanas depois de o programa expandido “Stock Connect” da China e da Europa entrar em vigor – levou países ocidentais a adotar uma série de sanções comerciais e financeiras contra Moscou. Ao mesmo tempo, a ambivalência da China em relação à guerra aguçou os temores das empresas europeias sobre a possibilidade de se entranharem nos mercados financeiros da China.
Além disso, reguladores chineses ainda não lidaram com uma preocupação premente das companhias europeias: o fato de que, pela legislação chinesa, executivos de empresas listadas no país podem ser diretamente responsabilizados por irregularidades corporativas. Historicamente, a China vem mantendo uma taxa anual de condenações de mais de 99%.
“Empresas europeias estão mais interessadas em investir em suas operações na China, como na construção de fábricas e outras instalações. Elas estão menos ávidas por uma listagem na China em função das complexidades burocráticas e exigências de divulgação”, comentou o presidente da Câmara de Comércio da União Europeia (UE) na China, Joerg Wuttke.
“Possíveis listagens de grandes empresas europeias na China são ainda mais improváveis no momento por causa de possíveis estragos à reputação de Pequim, em face da guerra entre Rússia e Ucrânia”, acrescentou Wuttke.
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