O que chamou atenção de Citi, BTG e BBA no 2º tri da Usiminas (USIM5)?
Siderúrgica enfrenta um cenário desafiador, especialmente com a expectativa de preços do minério de ferro abaixo de US$ 100 por tonelada, o que pode impactar significativamente sua operação
A Usiminas (USIM5) apresentou resultados operacionais fracos no segundo trimestre, segundo o BTG, que ressalta que o Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda) de R$ 408 milhões veio 11% menor das já baixas estimativas do mercado. “O desempenho decepcionante foi puxado pela divisão de aço, enquanto a mineração ficou em linha com as expectativas”, disseram aos analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi.
Apesar disso, segundo o banco, a empresa gerou R$ 281 milhões em fluxo de caixa livre, impulsionado por um ganho de capital de giro de R$ 454 milhões, provavelmente não recorrente, reduzindo a alavancagem de 0,7 vezes para 0,5 vezes.
A Usiminas atualizou sua projeção (guidance) de Despesas de Capital (capex) para 2025, para R$ 1,2-1,4 bilhão, e aprovou um investimento de R$ 1,7 bilhão na modernização e reconstrução parcial da Coqueria 2 na usina de Ipatinga, a ser distribuído ao longo de quatro anos, com R$ 80 milhões previstos para 2026. “A empresa também divulgou uma perspectiva ligeiramente melhor para as margens de aço no terceiro trimestre, impulsionada por melhorias no custo dos produtos vendidos, apesar de um ambiente de preços mais fraco. No entanto, a divisão de mineração deve enfrentar volumes menores”, informou o BTG.
O banco ressaltou ainda que os resultados da Usiminasno 2T25 e as expectativas pouco animadoras para os próximos meses sustentam uma postura cautelosa em relação à Usiminas, que continua a sofrer com a supercapacidade global e a forte presença de aço importado no Brasil.
“Mantemos nossa posição neutra em relação à Usiminas, pois a visibilidade sobre a recuperação dos lucros futuros ainda é limitada. A empresa já completou com sucesso o ramp-up do Alto-Forno 3 e capturou a maioria dos ganhos de produtividade do novo equipamento”, disse o BTG.
Para o banco, a siderúrgica enfrenta um cenário desafiador, especialmente com a expectativa de preços do minério de ferro abaixo de US$ 100 por tonelada, o que pode impactar significativamente sua operação, já que a empresa é uma mineradora de custo mais elevado. “No setor de aço, o ambiente continua difícil devido à superoferta global e à alta participação das importações no mercado doméstico, resultando em descontos contínuos nos preços domésticos.”
O BTG acrescenta que, embora a alavancagem esteja sob controle, anos de subinvestimento indicam a necessidade de aumentar os gastos de capital, o que pode limitar retornos significativos de caixa para os acionistas. “A ação está sendo negociada a cerca de 4,5 vezes o EV/Ebitda para 2025, um múltiplo que consideramos razoável, mas não suficientemente atraente diante dos riscos envolvidos. A empresa precisa enfrentar esses desafios para melhorar sua posição competitiva e garantir um crescimento sustentável no futuro.”
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O banco tem preço-alvo de R$ 7 para a ação da Usiminas, o que representa uma potencial de valorização de 60,6% no comparativo com o fechamento anterior.
Qual a opinião do Itaú BBA?
O Ebitda ajustado de R$ 408 milhões da Usiminas do segundo trimestre de 2025 ficou 13% abaixo da estimativa do Itaú BBA. Em relatório, o banco classificou o resultado como negativo.
“A diferença em relação à nossa estimativa foi principalmente devido ao desempenho de preço e volume na divisão de aço, que foi menor do que o esperado”, escreve o analista Daniel Sasson.
Ele destaca que a empresa sinalizou uma melhoria sequencial nos resultados do aço no terceiro trimestre e aponta como importante a redução na projeção de Capex para 2025, com o ponto médio em linha com o modelo do banco.
Outro destaque, para Sasson, foi a aprovação de R$ 1,7 bilhão em Capex para a reconstrução da Planta de Coque 2, a ser desembolsado de 2026 a 2029.
O que o Citi pensa da Usiminas?
O Citi entende que, mesmo com resultados abaixo do esperado no segundo trimestre de 2025 da Usiminas, os papéis podem ter pequena reação positiva em virtude de uma perspectiva de melhora de margem na siderurgia para o próximo trimestre e a redução de Capex anunciada.
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Na divisão de aço, os analistas dizem que os números foram impactados pela deterioração do ambiente doméstico devido a importações recordes que pressionaram os preços e volumes sequencialmente para baixo em relação ao trimestre anterior.
“Os custos por tonelada permaneceram estáveis em relação ao trimestre anterior, com manutenção programada significativa durante o trimestre. Por outro lado, a Usiminas antecipa uma expansão da margem Ebitda do aço no terceiro trimestre devido à redução significativa nos custos de matérias-primas mais baratas (benefícios cambiais) e ganhos em eficiência operacional”, escrevem os analistas Alexander Hacking, Stefan Wescott e Gabriel Barra. Eles esperam que esses fatores mais do que compensem a redução dos preços do setor.
A mineração, por sua vez, ficou em linha com o esperado, com embarques mais fortes compensados por preços mais baixos do minério de ferro.
Os analistas destacam que a projeção de capex para 2025 foi reduzida com um novo projeto de planta de coque aprovado. “Esperamos uma pequena reação positiva, apesar da decepção nos resultados, devido à perspectiva positiva de margem para o terceiro trimestre e à redução do capex para o ano”, escrevem.
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O Citi tem recomendação neutra para os papéis da Usiminas, mantendo preço-alvo a R$ 4,75.