O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, listou entre as causas para não entregar a inflação dentro da meta estabelecida em 2022 a inércia carregada do ano anterior e a elevação dos preços de commodities, especialmente do petróleo.
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Os motivos são citados em carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad para explicar o porquê de o índice ter terminado o ano acima do objetivo estabelecido – que era de 3,5%, com tolerância de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. A redação da carta é determinada por lei nesses casos.
Em 2022, a inflação encerrou o ano em 5,79%. De acordo com o presidente do BC, contribuíram para o estouro ainda desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais, choques em preços de alimentação, resultantes de questões climáticas, e a retomada na demanda de serviços e no emprego após o recrudescimento da pandemia de covid-19.
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O texto cita, por outro lado, fatores que agiram de forma contrária, e contribuíram para reduzir a inflação, como a redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, o comportamento da bandeira de energia elétrica, que passou de escassez hídrica para bandeira verde, a apreciação cambial e o hiato do produto no campo negativo.
“Ressalta-se o papel do aperto da política monetária para a contenção da inflação. A política monetária, que, em 2021 já havia passado do estímulo extraordinariamente elevado para o território contracionista, avançou substancialmente no terreno contracionista em 2022″, afirma Campos Neto.
De acordo com a metodologia utilizada pelo BC, o principal fator que contribuiu para o desvio da meta foi a inércia inflacionária do ano anterior, com impacto de 2,74 pontos porcentuais. Já as medidas tributárias tiveram o maior impacto desinflacionário, de 2,33 p.p.