Enquanto os mercados domésticos de juros e ações sustentam ganhos na sessão, o real segue na contramão, com o dólar em alta e renovando máximas na última hora de negócios. A moeda brasileira é destaque negativo entres os pares emergentes, uma vez que à tendência externa de valorização da moeda americana somam-se questões técnicas relacionadas à desmontagem de posições de fundos que estavam vendidos em Bolsa e em dólar futuro.
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O movimento, por sua vez, é atribuído ao aumento das apostas em juros menores no Brasil e maiores no Estados Unidos, que torna a operações de arbitragens mais desfavoráveis para o real. Não por acaso, a liquidez do contrato futuro de dólar para junho está acima do padrão, na casa de US$ 15 bilhões.
Na máxima, o dólar à vista chegou a R$ 5,0443 (+1,82%), após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista à GloboNews, reconhecer a surpresa positiva no IPCA-15 de maio e exaltar a aprovação do texto do arcabouço fiscal na Câmara, o que reforça a perspectiva de queda da Selic nos próximos meses.
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Campos Neto reiterou que não existe relação mecânica entre a apresentação do arcabouço e a política monetária, mas afirmou que a nova regra fiscal tem poder de influenciar a expectativa de inflação futura e, por isso, eliminou o medo dela sair de controle. “O arcabouço deixa claro que esse medo não existe mais, eliminou os riscos de cauda e o mercado já está reconhecendo isso, as taxas de juros longas estão caindo”, disse em entrevista à GloboNews. “Qualquer tipo de reforma ajuda.”
Os juros futuros se afastaram das mínimas na última hora, mas seguem com queda firme, especialmente nos vértices intermediários, que contemplam as apostas do mercado para o ciclo de queda da Selic. A curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) já precifica a volta da Selic para 1 dígito no fim de 2024. De acordo com o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, os DIs apontam taxa de 9,88% no fim do ano que vem.
Com o IPCA-15 de maio abaixo do consenso e os comentários de Campos Neto sobre o dado, a aposta de início dos cortes da taxa básica no Copom de agosto já é majoritária. Às 16h28, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,185%, de 13,268% ontem no ajuste.
Indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, destacou hoje que os juros longos passaram a cair, batendo mínimas em muito tempo nesta semana, após um primeiro momento de desconfiança do mercado em relação às medidas fiscais do governo. Durante evento do Dia da Indústria na Fiesp, Galípolo disse que a curva de juros precifica corte de 3,5 pontos porcentuais da Selic. Mais uma vez, no entanto, ele evitou fazer comentários sobre política monetária. “Seria inadequado”, justificou.
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No exterior, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que a sua equipe e a do presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, continuam negociando sobre o impasse do teto da dívida do país e estão fazendo progresso. Biden disse que o calote não é uma opção, e que as tratativas que ocorrem entre democratas e republicanos são sobre o orçamento, não sobre a possibilidade de inadimplência. “A economia está crescendo. O único caminho em frente é com um acordo bipartidário – e acredito que chegaremos a um acordo – que proteja os trabalhadores deste país”, discursou.