O dólar perdeu força em relação ao real pela segunda sessão seguida nesta quinta-feira (7), mais uma vez seguindo a tendência global de enfraquecimento da moeda americana. A queda dos rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) amparou a desvalorização da divisa, após novas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, dados do mercado de trabalho e a manutenção dos juros estáveis pelo Banco Central Europeu (BCE).
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No fim do dia, o dólar era cotado em R$ 4,9337 no segmento à vista, uma queda de 0,23% em relação ao fechamento de ontem. O contrato futuro da moeda para abril caía, às 17h20, 0,31%, cotado em R$ 4,9425. Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho da divisa contra seis pares fortes – perdia 0,51%, aos 102,838 pontos. O dólar também recuava contra emergentes, como o peso mexicano (-0,09%) e o rand sul-africano (-0,79%).
Segundo profissionais do mercado, a variação discreta da moeda americana em relação à brasileira nesta sessão pode refletir o receio de investidores em adotar posições maiores, devido à expectativa pela divulgação do relatório de empregos americano, o payroll, amanhã. Essa cautela se reflete na baixa liquidez: hoje, o dólar futuro tinha movimentado menos de US$ 9 bilhões até o fim da tarde.
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Mesmo assim, tudo contribuiu para uma leve valorização do real. “O relatório ADP veio na linha ontem, sem gerar viés negativo, o que levantou a expectativa de que o payroll, amanhã, possa vir um pouco mais calmo”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. “As falas de Powell acabaram repetindo que os juros têm de cair, mas que o Fed continua de olho na inflação.”
Hoje, em audiência no Senado americano, o presidente do Fed repetiu que a autoridade monetária poderá diminuir os juros em algum momento deste ano, desde que o cenário evolua conforme o previsto. Powell disse que o BC americano não está longe de chegar ao nível de confiança de que a inflação caminha de volta à meta, de 2%, que permitiria um afrouxamento da política monetária.
A agenda interna ficou, de novo, em segundo plano nesta quinta-feira. O fluxo cambial para o Brasil foi negativo em US$ 2,124 bilhões em fevereiro, segundo o Banco Central. A saída líquida de US$ 4,848 bilhões pelo canal financeiro mais do que compensou a entrada de US$ 2,724 bilhões via comércio exterior. Este ano, até 1º de março, o fluxo cambial ainda é positivo, em US$ 2,565 bilhões.