

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 6, em alta moderada no mercado local e acima do nível de R$ 5,70 no fechamento pela primeira vez em mais de dez dias.
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O dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 6, em alta moderada no mercado local e acima do nível de R$ 5,70 no fechamento pela primeira vez em mais de dez dias.
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Operadores não identificaram um gatilho específico para o escorregão do real, mas mencionaram ajustes de posições e busca por proteção cambial na véspera de decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Após o rali do real no fim de abril, quando o dólar chegou a recuar por oito sessões consecutivas, investidores parecem adotar uma postura mais cautelosa.
Além do desfecho da Super Quarta, há apreensão com a ausência de sinais concretos de negociações comerciais entre China e Estados Unidos. Com mínima a R$ 5,6935 e máxima a R$ 5,7374, o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,7108, em alta de 0,37%, passando a acumular valorização de 0,60% nas três primeiras sessões de maio. No ano, a divisa recua 7,60%.
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Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY rondava os 99,200 no fim da tarde, em queda de cerca de 0,60%, após mínima aos 99,212 pontos. O Dollar Index recua mais de 8% em 2025.
A moeda americana caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. As principais exceções foram o real, o peso colombiano e as divisas asiáticas. O real costuma ser utilizado por gestores estrangeiros para hedge em períodos de turbulência.
“Os mercados oscilaram muito em função da expectativa pelas decisões do Fed e do Copom. As declarações de Trump à tarde ampliaram ainda mais as incertezas”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. Pela manhã, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o governo está em “negociações avançadas” com 17 parceiros comercias, com possibilidade de anúncio de acordos ainda nesta semana, mas que a China ainda não se engajou em conversas sobre tarifas.
À tarde, Donald Trump disse que fará “um grande anúncio” nos próximos dias, mas que não será necessariamente sobre um acordo comercial. “A economia da China está sofrendo muito com a falta de comércio com os EUA”, afirmou Trump, acrescentando que se encontrará com chineses no “momento certo”.
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Divulgado ontem à noite, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto (que engloba indústria e serviços) da China caiu de 51,8 em março para 51,1 em abril, segundo pesquisa da S&P Global. Leituras acima dos 50 pontos indicam expansão da atividade.
Nos EUA, o déficit comercial subiu 14% na passagem de fevereiro para março, graças ao forte avanço das importações, provavelmente motivado por antecipação de compras de empresas no exterior. A economista-chefe da Ouribank, Cristiane Quartaroli, atribui a alta do dólar hoje a uma combinação de tensão comercial com sinais de desaceleração da economia chinesa e de piora da balança comercial americana.
“Esses pontos aumentaram o nervosismo dos mercados e levaram a cotação do dólar a ganhar força em relação ao real pelo segundo dia seguido, na véspera de decisão de política monetária no Brasil e Estados Unidos”, afirma Quartaroli, acrescentando que tal ambiente pode ter levado a realização de lucros após os ganhos do real no fim de abril.
A perspectiva é de que o Federal Reserve anuncie na quarta-feira, 7, a manutenção da taxa básica na faixa entre 4,25% e 4,50%.
Por aqui 56 de 59 casas ouvidas por Projeções Broadcast esperam alta da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 14,75% ao ano, na quarta-feira. A aposta é de que o Copom não se comprometa com uma nova elevação em junho.
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Para Weigt, do Travelex, o principal foco estará na comunicação dos BCs. Ele ressalta que o tarifaço de Trump pode “impactar diretamente” tanto a inflação quanto o mercado de trabalho americano, os dois principais pontos observados pelo Fed. “Ainda é incerto qual desses vetores pesará mais nas próximas decisões, o que torna o tom do comunicado do Fed especialmente relevante para calibrar as expectativas dos agentes econômicos”, afirma Weigt. “Já o Copom deve evitar sinalizações firmes sobre os próximos passos, optando por reforçar a dependência de dados.”
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