O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 8, em alta de 1,37%, cotado a R$ 5,0115, alinhado ao sinal positivo da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes pares do real, como peso mexicano e chileno. Operadores notaram também um movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas, sobretudo em razão de temores de ingerência do governo na condução da política monetária, após a confirmação da indicação do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretora de Política Monetária do Banco Central.
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Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar ultrapassou a barreira dos R$ 5,00 no fim da manhã, enquanto investidores digeriam a confirmação de Galípolo no BC, algo que vinha sendo ventilado desde o fim da semana passada, como mostrou o Broadcast. Já pressionado pelo quadro doméstico, o dólar renovou máxima a R$ 5,0175 ao longo da tarde, acompanhando o comportamento do índice DXY – termômetro do desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes. Moedas de países exportadores de commodities desenvolvidos se valorizaram, em dia de avanço do petróleo e do minério de ferro.
“Percebi uma alta maior do dólar após a notícia da indicação do Galípolo para o BC. Mercado retomou uma postura mais defensiva com medo de que o governo possa tentar interferir na condução da política monetária”, afirma o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, ressaltando que, apesar do avanço hoje, a taxa de câmbio parece ter se acomodado em níveis mais baixos nas últimas semanas, ao redor de R$ 5,00. “Vamos ver como vai vir a ata do Copom amanhã e o CPI (índice de preços ao consumidor) americano, na quarta-feira”.
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a primeira vez que ouviu a sugestão de Galípolo para uma diretoria do BC foi do próprio presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. A indicação seria uma forma de “entrosar as equipes do BC e Fazenda”. Para a outra diretoria vaga do BC, a de Fiscalização, a escolha do governo foi Ailton Aquino, atual chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira.
Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que Galípolo não deve sofrer resistência dos técnicos do BC. Segundo relatos, o secretário-executivo da Fazenda é o melhor entre os nomes que circularam, tem experiência no mercado financeiro (foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021) e já mantém uma boa interlocução com a autarquia. Um servidor ponderou, contudo, que se a intenção do governo Lula for colocar um “soldado” dentro do BC a favor de uma política monetária mais frouxa, pode se frustrar. Ir contra a área técnica, que dificilmente seria favorável a um “cavalo de pau” na política monetária, geraria um constrangimento para Galípolo.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, observa que o dólar subiu e voltou a superar R$ 5,00 hoje, apagando as perdas da semana passada, apesar da alta do Ibovespa e da valorização das commodities, diante da perspectiva de que a economia dos EUA não vai enfrentar uma desaceleração severa. “Quando olhamos para moeda, não vemos esse apetite por risco. Tem uma devolução da alta recente do real por conta de certa cautela com a tramitação do arcabouço fiscal e as nomeações para o BC. A leitura dos investidores é que o governo quer uma composição do BC nos próximos dois anos um pouco mais à esquerda”, diz Abdelmalack.