O dólar à vista desceu à menor cotação de fechamento de 4 de novembro nesta quinta-feira, após dados do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos reforçarem a percepção de que o Federal Reserve vai reduzir a intensidade da sua elevação de juros. Essa aposta foi corroborada por discursos de dirigentes do BC americano. O real teve a segunda melhor performance em relação ao dólar entre as principais moedas negociadas no mundo, em meio à visão de que aqui o trabalho para debelar a inflação está adiantado e que, diante disso, as taxas de juros locais seguem bastante atrativas. Medidas econômicas do governo, que pretende zerar o déficit com ações do lado da receita, foram monitoradas, mas não chegaram a influenciar na cotação.
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O CPI americano era o indicador mais esperado da semana pelos agentes, e acabou entregando a resposta que muitos deles apostavam. O índice de preços marcou deflação de 0,1% na margem em dezembro, quando se esperava estabilidade. Apenas o núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, subiu 0,3% na comparação mensal de dezembro, vindo em linha com o consenso do mercado.
Na curva de juros dos Fed Funds, a precificação de alta de 25 pontos-base passou de 76,7% ontem para 92,3% hoje. Em dezembro, o Fed já havia feito uma elevação menos intensa (50 pontos) que a de novembro (75 pontos).
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Assim, o dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 5,1005, desvalorização de 1,55%. Perto das 18h, o dólar fevereiro cedia aos R$ 5,1200, recuo de 1,17%. Hoje o DXY, que mede a moeda americana contra seis pares fortes, caiu aos 102,246 pontos, diante do salto do iene, a única divisa que superou o real em performance hoje. Há relatos na imprensa de que o Banco do Japão (BoJ) vai estudar os efeitos colaterais de sua política monetária já na semana que vem.
E é também a política monetária que fez o real ter a performance desta quinta-feira. Ainda que o Brasil esteja em processo de desinflação há mais tempo, o que chancela uma queda de 120 pontos-base este ano, segundo cálculos do mercado com base na curva de juros, as taxas reais segue extremamente atrativas para o fluxo externo.
Para o economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, três temas impulsionam os mercados emergentes em 2023: a queda da inflação americana, o fim da política de Covid Zero na China e a subida dos preços das commodities. “Todos os três são os que mais beneficiam a América Latina, devido ao seu status de grande exportador de commodities. O peso mexicano está pegando fogo. O real brasileiro, se aproximando”, escreveu, em seu perfil no Twitter.