O dólar à vista emendou nesta quinta-feira, 14, a segunda sessão consecutiva de queda firme no mercado doméstico de câmbio e fechou abaixo da linha de R$ 4,90 pela primeira vez desde 30 de agosto. Operadores atribuíram a baixa do dólar a desmonte de posições defensivas no mercado futuro e a fluxo estrangeiro para a Bolsa, em meio ao avanço das commodities metálicas e do petróleo, após anúncio de novos estímulos monetários na China.
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O real apresentou o melhor desempenho entre as principais moedas globais, incluindo divisas fortes e emergentes. Ativos de risco se beneficiaram da aposta quase unânime em manutenção da taxa básica americana pelo Federal Reserve (Fed) em seu encontro de política monetária na próxima semana, apesar de a inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e as vendas no varejo nos Estados Unidos em agosto terem superado as expectativas.
Em baixa desde a abertura, o dólar à vista furou o piso psicológico de R$ 4,90 na primeira hora de negócio e registrou mínima a R$ 4,8628 pela manhã. No fim do dia, a moeda recuava 0,91%, cotada a R$ 4,8727. Com as perdas ontem e hoje, a divisa já acumula desvalorização de 2,21% na semana.
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“O real está se destacando muito hoje. Esse movimento está muito ligado às commodities, com minério de ferro quase nas máximas do ano e o petróleo acima de US$ 90”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. Segundo o tesoureiro, a inflação americana já mostra uma trajetória clara de desaceleração, com seus componentes, à exceção de serviços, abaixo do índice cheio na comparação anual. “E mesmo serviços já mostra uma tendência de perda de fôlego. Não parece que a inflação vai surpreender para levar a outra alta de juros. E o Fed parado é bom para o real”, afirma Weigt.
Uma rodada de apreciação mais forte do real depende, além de um ambiente externo de maior apetite por emergentes, de redução de prêmios de risco associados à questão fiscal. Investidores ainda veem com ceticismo a possibilidade de o governo conseguir alcançar a meta de resultado primário zero em relação ao PIB no ano que vem.
Ontem à noite, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que regulamenta a tributação de apostas esportivas e outros jogos online, uma das medidas do pacote do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ampliar as receitas e cumprir a meta fiscal. A proposta segue agora para o Senado.
Lá fora, o índice DXY – referência do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta firme ao longo do dia e orbitava os 104,400 pontos no fim da tarde. O euro desceu aos menores níveis desde março diante de apostas de que o Banco Central Europeu (BCE) encerrou o ciclo de aperto monetário hoje ao elevar a taxa de juros em 25 pontos-base.
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A moeda americana recuou, contudo, na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as exceções, figuraram o rand sul-africano e o peso chileno. Já os pesos mexicano e colombiano, moedas de carrego que exibem os maiores ganhos no ano, também se fortaleceram em relação ao dólar.
Para o analista de mercado da Ebury Eduardo Moutinho, o BCE “provavelmente já encerrou o ciclo de aperto”, embora ainda haja pressões inflacionárias. “As moedas emergentes dispararam após a divulgação do BCE. Os mercados estão abraçando o cenário de que as taxas de juros nos países desenvolvidos atingiram um pico, e a história do carry trade volta a ser a principal”, afirma Moutinho.